Seis startups miram mercado de carros usados no Brasil

Com investimento de R$ 2,5 bilhões, Kavak anunciou ontem estreia no Brasil, mas terá de enfrentar outras concorrentes dentro do setor

29 jul 2021 - 04h06

Com justificativa semelhante — a de revolucionar o bilionário mercado de compra e venda de carros usados — seis startups se instalaram no Brasil nos últimos quatro anos. A última delas, a mexicana Kavak, iniciou operações oficialmente nesta terça-feira, 27, com aporte inicial de R$ 2,5 bilhões. O valor vem de uma captação de US$ 485 milhões feita em abril.

Todas estão de olho num segmento que movimenta cerca de R$ 600 bilhões em mais de 10 milhões de transações ao ano. De acordo com a Federação Nacional da Distribuição de Veículos (Fenabrave), no primeiro semestre foram vendidos 5,45 milhões de automóveis e comerciais leves usados, 63% acima de 2020, ano afetado pela covid.

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A Kavak inicia atividades com estoque de 2,5 mil carros de até 10 anos de uso e pretende chegar ao fim de 2022 com 100 mil unidades em inventário e 50 mil vendas. O negócio pode ser feito online, mas o consumidor tem também a opção de ir a uma das seis lojas em São Paulo, número que será ampliado inclusive para capitais de outros Estados.

Roger Laughlin, fundador da Kavak e presidente da unidade brasileira, informa que a empresa oferece um ecossistema que inclui, no momento da compra, a vistoria de 240 itens e estudo documental do veículo. Fechado o negócio, o carro vai para um centro de recondicionamento em Barueri (SP) para consertos necessários e é ofertado pelo site.

O modelo é revendido com dois anos de garantia, e a plataforma oferece, por meio de parcerias, financiamento, documentação, seguro e manutenção. "Oferecemos a solução mais completa do mercado", diz Laughlin. Segundo ele, "comprar um carro usado era um processo complicado, burocrático e muitas vezes inseguro".

"A garantia de dois anos, prazo inédito nesse mercado, reforça nosso modelo de negócio de criar uma relação duradoura com o cliente, que é nosso maior diferencial", diz o executivo.

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A empresa tem 300 mil m² em infraestrutura e planeja expandir para mais de um milhão de m². Já contratou 500 funcionários e chegará a mil ao longo dos próximos meses. Criada em 2016, a Kavak foi o primeiro unicórnio (startup que atinge valor de US$ 1 bilhão) no México e, no ano passado, foi avaliada em US$ 4 bilhões. O grupo abriu também filial na Argentina em 2020.

Concorrência

De olho no mercado, a fintech Creditas adquiriu no início do mês a Volanty, startup voltada a compra e venda de veículos fundada em 2017. A ideia é reforçar a Creditas Auto, que se propõe a apoiar o cliente em todas as etapas de acesso digital para compra, venda e troca, financiamento e seguro do carro.

A Carupi, criada no fim de 2019, conecta compradores e vendedores de carros através de tecnologia e de um serviço de concierge de atendimento.

Outra startup nascida em 2019 é a Dryve, que este ano lançou o que chama de Agente Autorizado. Qualquer pessoa com experiência em venda de veículos pode operar a plataforma em sua região. A rede já tem 2 mil agentes que atuam em todos os Estados na compra e venda de seminovos entre particulares.

Já a plataforma argentina Karvi chegou ao Brasil no ano passado para vender carros novos, seminovos e usados de forma integrada com o estoque de mais de mil concessionárias e lojas independentes do País.

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Na opinião do presidente da Bright Consulting, Paulo Cardamone, o que atrai empresas ao Brasil "é o mercado de venda de dinheiro caro, pois a maioria dos negócios com os usados é feita por meio de financiamento com os juros mais altos do mundo".

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