'Safári humano': italianos são acusados de pagar para matar civis na guerra da Bósnia

Promotoria de Milão investiga grupo suspeitos que teria desembolsado R$ 450 mil para atirar em pessoas desarmadas durante o conflito

12 nov 2025 - 19h15
Resumo
Turistas italianos são acusados de pagarem para atirar em civis desarmados durante a Guerra da Bósnia (1992–1995). Segundo autoridades da Promotoria de Milão, que investiga o caso, os “safáris humanos” eram realizados a partir de pontos altos da capital Sarajevo.
Turistas são acusados de integrar 'safáris humanos', em cerco a Sarajevo
Turistas são acusados de integrar 'safáris humanos', em cerco a Sarajevo
Foto: Reprodução/YouTube/TRT World

Turistas italianos são acusados de pagarem até 70 mil libras (o equivalente a R$ 486.463,53, na cotação atual) para atirar em civis desarmados durante a Guerra da Bósnia (1992–1995). Segundo autoridades da Promotoria de Milão, que investiga o caso, os “safáris humanos” eram realizados a partir de pontos altos da capital Sarajevo.

Em entrevista ao jornal italiano La Repubblica, o jornalista Ezio Gavazzeni disse que os suspeitos são pessoas “ricas, respeitáveis e conhecidas”. Elas “deixavam Trieste [Itália] para uma caçada e voltavam à rotina como se nada tivesse acontecido”, afirmou.

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Investigadores estimam que aproximadamente 100 italianos integraram esse tipo de viagem — muitos deles ligados a grupos de extrema-direita. Os acordos eram realizados diretamente com lideranças do Exército sérvio da Bósnia.

Os disparos eram feitos de telhados ou encostas. A apuração da promotoria também revelou haver taxas adicionais para quem pretendesse alvejar menores de idade. Dag Dumrukcic, cônsul bósnio em Milão, declarou que o país “está ansioso para descobrir a verdade sobre um assunto tão cruel e acertar as contas com o passado”.

Considerado o conflito mais violento na Europa desde a Segunda Guerra Mundial, a Guerra da Bósnia durou mais de três anos, causou cerca de 200 mil vítimas entre civis e militares e 1,8 milhões de deslocados, segundo relatórios internacionais. Aproximadamente 30% das vítimas civis bósnias eram mulheres e crianças.

Radovan Karadzic e Stanislav Galic, as lideranças militares e políticas sérvio-bósnios, acabaram condenados pelo Tribunal de Haia por crimes de guerra e contra a humanidade. Eles cumprem prisão perpétua, o primeiro, no Reino Unido, o segundo, na Alemanha.

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Fonte: Portal Terra
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