Plano de paz de Trump para Gaza gera apoios e críticas ao redor do mundo

O plano de paz para Gaza, apresentado na segunda-feira (29) pelo presidente dos EUA, Donald Trump, ao lado do primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, gerou reações imediatas e frequentemente contraditórias ao redor do mundo. O plano, que contém 20 pontos, exige um cessar-fogo, o desarmamento do Hamas, a libertação de reféns em 72 horas, a retirada gradual israelense e a subsequente criação de uma autoridade de transição pós-guerra encabeçada pelo próprio presidente Trump.

30 set 2025 - 07h12

O plano de paz para Gaza, apresentado na segunda-feira (29) pelo presidente dos EUA, Donald Trump, ao lado do primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, gerou reações imediatas e frequentemente contraditórias ao redor do mundo. O plano, que contém 20 pontos, exige um cessar-fogo, o desarmamento do Hamas, a libertação de reféns em 72 horas, a retirada gradual israelense e a subsequente criação de uma autoridade de transição pós-guerra encabeçada pelo próprio presidente Trump.

Fumaça sobe de Gaza após explosão, vista do lado israelense da fronteira, em 30 de setembro de 2025.
Fumaça sobe de Gaza após explosão, vista do lado israelense da fronteira, em 30 de setembro de 2025.
Foto: REUTERS - Amir Cohen / RFI

Apesar da incerteza sobre o futuro da proposta, Trump classificou o anúncio como "potencialmente um dos maiores dias de toda a civilização".

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Em um apoio significativo, oito nações-chave, incluindo países árabes e de maioria muçulmana, declararam apoio ao plano do presidente americano. Em uma declaração conjunta, Egito, Jordânia, Emirados Árabes Unidos, Turquia — nações que reconhecem Israel —, bem como Catar, Arábia Saudita, Indonésia e Paquistão, saudaram os "esforços sinceros" de Donald Trump visando o fim da guerra em Gaza.

Esses países afirmaram estar prontos para se engajar de forma "positiva e construtiva com os Estados Unidos e as partes para finalizar o acordo e garantir sua implementação".

O Paquistão, que manifestou interesse em melhorar sua relação com Washington, já havia expressado "acreditar firmemente que o presidente Trump está totalmente preparado para ajudar da maneira que for necessária" para garantir o fim do conflito".

Apoio condicional de Israel e crítica interna

O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, ofereceu seu apoio ao plano de Trump, mas sob a condição de que ele alcançasse os objetivos de guerra de Israel.

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Netanyahu deixou claro que, se o Hamas rejeitar a proposta ou violar seus termos, Israel irá "terminar o trabalho" por conta própria, ação para a qual o presidente Trump prometeu seu "apoio integral". O primeiro-ministro também sublinhou que as forças israelenses manteriam a responsabilidade pela segurança de Gaza.

Contudo, a proposta enfrentou forte resistência da extrema-direita israelense. O ministro das finanças, Bezalel Smotrich, um parceiro crucial da maioria de Netanyahu, classificou o plano como um "fracasso diplomático retumbante". Smotrich criticou o documento como uma "mistura indigesta" e um "retorno à concepção de Oslo" (o processo de paz de 1993), alegando que demonstrou "cegueira" e um esquecimento das "lições do 7 de outubro" de 2023.

Reações palestinas divergentes

As reações palestinas foram polarizadas. A Autoridade Palestina (AP), sediada na Cisjordânia, foi rápida em oferecer suporte, dando as boas-vindas aos "esforços sinceros e determinados" do presidente Trump.

Em oposição, a Jihad Islâmica, grupo armado que luta ao lado do Hamas, condenou a proposta, classificando-a como uma "receita para a agressão contínua contra o povo palestino". O grupo alegou que Israel estaria tentando, por meio dos Estados Unidos, "impor o que não conseguiu alcançar pela guerra".

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O Hamas, por sua vez, ainda não havia comentado em profundidade, alegando que ainda precisava receber o documento. Os mediadores cataris e egípcios confirmaram que entregaram a proposta aos negociadores do Hamas.

Apoio europeu e chinês

Os aliados europeus de Washington endossaram rapidamente a iniciativa e pediram ao Hamas para aceitá-la. O presidente francês, Emmanuel Macron, elogiou o "compromisso de Trump em acabar com a guerra em Gaza" e solicitou que o Hamas "liberte imediatamente todos os reféns e siga este plano", pedindo também que Israel se comprometa com a proposta.

O gabinete do primeiro-ministro britânico, Keir Starmer, disse que o Reino Unido apoiava "fortemente" os esforços para cessar a luta e garantir ajuda humanitária. O plano também prevê a inclusão do ex-primeiro-ministro britânico, Tony Blair, em uma autoridade de transição pós-guerra. Blair saudou o plano como "ousado e inteligente".

O chefe da União Europeia, António Costa, bem como os líderes da Itália e da Alemanha, exortaram todas as partes a "aproveitarem este momento para dar uma chance genuína à paz".

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Até o primeiro-ministro espanhol, Pedro Sánchez, que anteriormente acusou Israel de cometer "genocídio" em Gaza, declarou que Madri "acolhe a proposta de paz", embora tenha ressaltado que a solução de dois Estados era a "única possível".

A China também se manifestou, afirmando que "apoia todos os esforços" que conduzam à desescalada das tensões entre a Palestina e Israel.

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