Países da Celac e UE rejeitam 'uso da força' no Caribe em declaração conjunta, sem citar EUA

A declaração conjunta rejeita o "uso da força" que contradiz o direito internacional. O texto foi divulgado no domingo (9), primeiro dia da reunião de cúpula da Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac) e da União Europeia. O encontro termina nesta segunda-feira (10) na cidade colombiana de Santa Marta e ocorre em um momento de tensão com os Estados Unidos pelos ataques contra embarcações no Caribe e no Pacífico.

10 nov 2025 - 06h57

A declaração conjunta rejeita o "uso da força" que contradiz o direito internacional. O texto foi divulgado no domingo (9), primeiro dia da reunião de cúpula da Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac) e da União Europeia. O encontro termina nesta segunda-feira (10) na cidade colombiana de Santa Marta e ocorre em um momento de tensão com os Estados Unidos pelos ataques contra embarcações no Caribe e no Pacífico.  

Chefes de Estado e representantes posam para a foto oficial antes da Cúpula CELAC-UE em Santa Marta, na Colômbia, neste domingo (9)
Chefes de Estado e representantes posam para a foto oficial antes da Cúpula CELAC-UE em Santa Marta, na Colômbia, neste domingo (9)
Foto: AFP - LUIS ACOSTA / RFI

"Reiteramos nossa oposição ao uso ou à ameaça do uso da força e a qualquer ação que não esteja em conformidade com o direito internacional e a Carta das Nações Unidas", afirma a declaração assinada por 58 das 60 nações presentes. Venezuela e Nicarágua se afastaram do documento. 

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A reunião foi marcada por críticas veladas a Washington e menções a conflitos internacionais, como Ucrânia e Gaza. "Abordamos a importância da segurança marítima e da estabilidade regional no Caribe", acrescenta o texto, sem mencionar diretamente os bombardeios americanos contra embarcações supostamente carregadas com drogas no Caribe e no Pacífico, que já somam 70 mortos. 

A vice-presidente da Comissão Europeia, Kaja Kallas, explicou o motivo da ausência de menção ao governo de Donald Trump. "Porque não teríamos conseguido que os países se somassem, muito simples", disse. 

"Manobras retóricas"

Horas antes, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, aliado do presidente da Colômbia e anfitrião da cúpula, Gustavo Petro, reiterou sua preocupação com a presença militar americana na região. "A ameaça de uso da força militar voltou a fazer parte do cotidiano da América Latina e do Caribe. Velhas manobras retóricas são recicladas para justificar intervenções ilegais", afirmou Lula. 

A reunião  acontece com uma participação reduzida de presidentes e em meio à pior crise com os Estados Unidos. Petro qualifica os ataques ordenados por Trump como "execuções extrajudiciais". Washington impôs duras sanções financeiras após acusá o presidente colombiano de 'não fazer o suficiente' para conter o narcotráfico. 

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Declaração condena guerra na Ucrânia

 A presença militar de Washington na região também aumentou as tensões com o presidente venezuelano, Nicolás Maduro, que denuncia um interesse da Casa Branca em derrubar o seu governo. "Só se pode recorrer à força por dois motivos, seja em legítima defesa ou em virtude de uma resolução do Conselho de Segurança da ONU", disse Kallas no início do encontro. 

A declaração conjunta da quarta reunião entre os dois blocos - que sucede a de Bruxelas em 2023 - inclui também uma condenação à "guerra em curso contra a Ucrânia que continua provocando um imenso sofrimento humano". 

Segundo Kallas, este foi o ponto de discórdia para que Venezuela e Nicarágua se afastassem da declaração. O documento também faz referência à campanha militar israelense em Gaza e menciona uma solução de dois Estados. Dos 33 membros da Celac e dos 27 da UE, apenas nove chefes de Estado ou de Governo participam da cúpula, incluindo o presidente do Conselho Europeu, António Costa, e o primeiro-ministro espanhol, Pedro Sánchez. 

Com agências

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