Otan rejeita propostas da Rússia sobre crise ucraniana

Reunião foi marcada por 'diferenças significativas' entre partes

12 jan 2022 - 15h38
(atualizado às 16h44)

Uma reunião nesta quarta-feira (12) entre a Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), os Estados Unidos e a Rússia terminou sem uma definição sobre a crise ucraniana e uma grande distância nos posicionamentos entre as partes.

Encontro em Bruxelas mostrou distância nos posicionamentos entre ocidentais e Rússia
Encontro em Bruxelas mostrou distância nos posicionamentos entre ocidentais e Rússia
Foto: EPA / Ansa - Brasil

Especialmente, tanto a Otan como os EUA se recusaram a aceitar o pedido russo de não aceitar novos membros na organização que estejam na região próxima ao país de Vladimir Putin.

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"No conselho Otan-Rússia de hoje, eu reafirmei os princípios fundamentais do sistema internacional e da segurança europeia: cada país tem o direito soberano de escolher a própria estrada", disse a vice-secretária de Estado norte-americana, Wendy Sherman.

Mais direto, o secretário-geral da Otan, Jens Stoltenberg, afirmou que "os aliados não estão dispostos a comprometer os seus princípios-chave, como o direito dos países de escolherem o próprio caminho e o direito dos membros da Aliança de fazer uma defesa recíproca".

No entanto, o representante afirmou que o órgão "está aberto a debater sobre o controle de armamentos, limitação de mísseis, políticas nucleares e cibersegurança".

O encontro desta quarta, o primeiro entre Otan e Rússia na atual crise, teve como base o "tratado de paz" proposto por Moscou aos EUA para encerrar a tensão sobre o temor de uma invasão bélica do território ucraniano.

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Entre os pontos principais do documento, havia a exigência de que os ocidentais "dessem garantias legais" que a Otan não iria aceitar a adesão da Ucrânia e de ex-repúblicas soviéticas. No entanto, desde que foi anunciado, o tratado já havia sofrido forte rejeição desse ponto porque isso fere a soberania de um país.

Stoltenberg ainda ressaltou que "emergiram diferenças significativas entre Moscou e os aliados não fáceis de superar", mas que por isso mesmo, é importante "continuar com o diálogo".

Essa é apenas uma das diversas reuniões entre russos e norte-americanos que estão ocorrendo e vão ocorrer durante essa semana. Também haverá encontros com a participação de organizações da União Europeia.

Por outro lado, o porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, afirmou que "nas últimas 24 horas, nos últimos dias, nós vimos que as reuniões em andamento foram acompanhadas de declarações vivazes e agressivas por parte de Washington".

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"Naturalmente, tudo isso suscita nosso interesse, mesmo que nós não entendamos o motivo", acrescentou Peskov.

Em entrevista à mídia russa, o porta-voz ainda afirmou que Moscou não vai dar e nem receber nenhum ultimato sobre a crise porque as decisões não serão tomadas a "partir de uma posição de força". "O presidente Vladimir Putin deixou claro que não poderão existir ultimatos, eles não são possíveis", acrescentou.

A crise com a Ucrânia voltou a se acentuar no fim do ano passado quando Kiev cogitou a possibilidade de se unir à Otan. O debate da ideia causou furor na Rússia, que começou a enviar tropas e meios militares para as áreas fronteiriças.

Apesar de negar que queira um conflito bélico e dizer que só está fazendo um deslocamento normal de tropas por questões de defesa e segurança, estima-se que há mais de 100 mil soldados russos na região.

A situação relembra o que foi vivido na região entre o fim de 2013 e 2014, quando a possível adesão dos ucranianos à União Europeia causou um intenso conflito na área do Donbass e a Rússia anexou unilateralmente a Crimeia.

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Dessa vez, os norte-americanos e os europeus já têm um novo pacote de sanções econômicas e financeiras praticamente pronto contra Moscou em caso de invasão na Ucrânia. .

  
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