Mísseis chineses caem em águas do Japão durante exercício militar

Operação ocorre após visita de Nancy Pelosi a Taiwan; presidente da Câmara ainda deve visitar fronteira entre Coreias

4 ago 2022 - 11h26
(atualizado às 17h44)
China realiza exercícios militares próximo a Taiwan
China realiza exercícios militares próximo a Taiwan
Foto: Reuters

Cinco mísseis chineses, lançados durante exercícios militares próximo a Taiwan, atingiram o mar do Japão nesta quinta-feira, 4, elevando a tensão diplomática na região, segundo a imprensa japonesa.

Essa é a primeira vez que um incidente do tipo acontece na região, informou Nobuo Kishi, ministro da Defesa do Japão. Kishi acrescentou que o país enviou um protesto ao vizinho após o ocorrido. A China, no entanto, ainda não se manifestou.

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Entenda a tensão diplomática entre EUA e China sobre Taiwan
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Os exercícios se intensificaram após a visita da presidente da Câmara dos EUA, Nancy Pelosi, a Taiwan, ilha rebelde próximo à China continental. Pelosi desembarcou na terça-feira, 2, meio após ameaças chinesas de que os EUA "pagariam o preço" pela visita.

Segundo agências internacionais, Pelosi segue viagem e deve visitar a Zona Desmilitarizada entre Coreia do Sul e Coreia do Norte nesta quinta. A presidente da Câmara norte-americana está em Seul desde quarta-feira, 3.

Desde 2019, quando Donald Trump visitou a fronteira, nenhuma outra autoridade importante dos EUA esteve na Zona Desmilitarizada.

Para Entender

    Segundo a imprensa oficial chinesa, o Exército chinês disparou peças de artilharia de longo alcance e ataques de precisão no leste do estreito, a cerca de 40 km do território taiuanês. Os exercícios estão programados para terminar no domingo, 7, e incluem ataques com mísseis a alvos nas águas ao norte e ao sul da ilha, uma reminiscência das últimas grandes manobras com as quais Pequim tentou intimidar líderes e eleitores em Taiwan em 1995 e 1996.

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    Na operação desta quinta-feira participaram tropas da Marinha, Aeronáutica, Força de Mísseis, Força de Apoio Estratégico e Força de Apoio Logístico dependentes do Comando Leste.

    Cerca de 10 navios da marinha chinesa cruzaram brevemente a linha que divide o estreito na noite de quarta-feira e permaneceram nessa área até o meio-dia de quinta-feira, enquanto aeronaves militares chinesas também cruzaram a fronteira marítima não oficial na manhã de quinta-feira

    Um dia antes, durante a visita de Pelosi, 22 aeronaves militares chinesas romperam a linha, segundo o Ministério da Defesa de Taiwan.

    A visita de Pelosi a Taiwan nesta semana enfureceu os líderes chineses, que alegaram que a delegação de alto nível era uma violação dos direitos territoriais da China e uma provocação deliberada em meio à deterioração das relações EUA-China. Em resposta, as autoridades chinesas anunciaram exercícios militares em seis áreas ao redor de Taiwan, no que autoridades taiwanesas disseram ser equivalente a um "bloqueio marítimo e aéreo".

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    O Partido Comunista da China nunca governou Taiwan, mas Pequim afirma que a região de 23 milhões de habitantes é uma parte inalienável de seu território e ameaça tomá-lo à força.

    Tensão com os EUA

    A Casa Branca pediu à China que não exagere, dizendo que a viagem de Pelosi não sinaliza nenhuma mudança na política dos EUA. Mas os exercícios militares chineses, programados para durar até domingo, representam os esforços de Pequim para estabelecer um novo normal de invasão de seu rival.

    Em 2020, a China negou a existência da linha mediana no Estreito de Taiwan, após anos respeitando amplamente a fronteira informal que ajudou a evitar conflitos na hidrovia de 160 quilômetros de largura.

    "Pequim pode usar a visita de Pelosi como uma oportunidade para mudar o status quo no Estreito de Taiwan", disse Amanda Hsiao, analista sênior da China no International Crisis Group. O Global Times, um tabloide nacionalista estatal, citou um especialista militar chinês anônimo descrevendo os exercícios como um "novo começo" para as atividades do ELP em torno de Taiwan, que não se limitariam às suas áreas anteriores e, em vez disso, "ocorreriam regularmente em Taiwan".

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    * Com Estadão Conteúdo e agências internacionais

    Fonte: Redação Terra
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