Enquanto a COP30 começa nesta segunda-feira (10) no Brasil, com o objetivo de discutir medidas e compromissos para limitar o aumento médio da temperatura do planeta a 1,5 °C, revistas semanais francesas destacam uma realidade inquietante: o mundo continua mais dependente do petróleo do que nunca.
"Mas até quando?", questiona a L'Express. Já a revista Le Nouvel Obs desta semana discute o papel da Europa, dez anos após o Acordo de Paris, no momento em que Estados Unidos e China emergem como impérios energéticos.
De um lado a América pró-petróleo de Trump, do outro o "Estado elétrico" chinês, caracteriza Le Nouvel Obs. Em meio a tantos debates sobre o futuro energético mundial, a imprensa semanal francesa indica a eclosão de uma profunda tensão entre compromissos climáticos e interesses geopolíticos.
L'Express aponta que enquanto a Agência Internacional de Energia (AIE), com sede em Paris, prevê um pico da demanda de petróleo por volta de 2029, potências como os Estados Unidos e a OPEP (Organização dos Países Exportadores de Petróleo) projetam esse marco apenas para 2050, mantendo investimentos em combustíveis fósseis.
Segundo a revista, as mudanças em prol da transição energética, embora necessárias, não estão acontecendo tão rapidamente quanto se esperava. "O retorno do cético climático Donald Trump é prova disso", justifica. A publicação critica ainda o fato de que países emergentes como o "Brasil, anfitrião da COP30 que começa em 10 de novembro, acaba de autorizar uma nova exploração petrolífera na costa amazônica".
Ao mesmo tempo, a China se posiciona como um "Estado elétrico", acelerando sua transição com energias renováveis, aponta a edição da Le Nouvel Obs. A revista observa uma disputa de influência global que se desenha, além de uma batalha decisiva pelas terras raras.
Papel da Europa nesse cenário
"O que pode fazer a Europa nesse novo grande jogo da energia?", pergunta Le Nouvel Obs. A revista acredita que o continente vive uma descarbonização forçada, mas enfrenta o risco de dependência tecnológica.
A disputa entre "o império do petróleo e gás americano e o modelo chinês de eletrificação" evidencia que a transição energética está longe de ser apenas uma preocupação com o meio-ambiente: trata-se também de uma batalha pelo poder global.
"O petróleo moldou toda a geopolítica do século 20. Já o início do século 21 é marcado pela corrida pelos metais, como lítio, cobalto e terras raras, essenciais para tecnologias de baixo carbono. A China, que domina o refino e boa parte da extração desses minerais, usa essa vantagem para pressionar os Estados Unidos e a Europa na guerra comercial. E também utiliza sua liderança para atrair o 'Sul Global' aos seus interesses", sintetiza Le Nouvel Obs.
No centro desse novo "grande jogo" da energia, a transição energética deixa de ser apenas uma questão ambiental e se revela como uma disputa geopolítica estratégica.