Governo da Suécia decide apoiar adesão do país à Otan

15 mai 2022 - 15h41
(atualizado às 16h32)

Primeira-ministra defende entrada da nação na aliança militar, após invasão da Ucrânia pela Rússia. Parlamento sueco discutirá o tema na segunda-feira. Finlândia também confirmou neste domingo que pedirá adesão à Otan.A primeira-ministra sueca, Magdalena Andersson, anunciou neste domingo (15/05) que buscará amplo apoio para que seu país peça adesão à Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan).

A primeira-ministra sueca, Magdalena Andersson, afirmou que adesão à Otan seria "a melhor coisa para a segurança da Suécia e do povo sueco"
A primeira-ministra sueca, Magdalena Andersson, afirmou que adesão à Otan seria "a melhor coisa para a segurança da Suécia e do povo sueco"
Foto: DW / Deutsche Welle

O Partido Social-Democrata, da premiê, decidiu abandonar uma oposição de 73 anos contra a adesão à aliança, após a invasão russa da Ucrânia.

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Uma análise extensiva da política de segurança sueca conduzida pelos oito partidos do país representados no Parlamento e divulgada na sexta-feira já havia concluído que a adesão da Suécia à Otan teria um efeito estabilizador.

A entrada na Otan era uma perspectiva distante há poucos meses, mas o ataque da Rússia à Ucrânia levou tanto a Suécia quanto a Finlândia a repensarem suas necessidades de segurança.

Após debates ao longo da semana passada entre líderes social-democratas, o maior partido em todas as eleições do país há um século, Andersson disse que a entrada na Otan era "a melhor coisa para a segurança da Suécia e do povo sueco". "O não-alinhamento nos serviu bem, mas nossa conclusão é que não nos servirá tão bem no futuro", afirmou.

A ministra das Relações Exteriores da Suécia, Ann Linde, escreveu no Twitter que a decisão do Partido Social-Democrata de defender a adesão era "histórica". A legenda ressalvou que não deseja armas nucleares nem bases permanentes da Otan no território do país.

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Os apoiadores da adesão à aliança agora contam com ampla maioria no Parlamento da Suécia, que deve discutir o tema nesta segunda-feira.

Na Finlândia, o presidente Sauli Niinisto também confirmou neste domingo a intenção do país de aderir à Otan, dizendo que a região seria beneficiada. "Ganhamos em segurança e também a estendemos à região do mar Báltico e a toda a aliança", disse ele a jornalistas no palácio presidencial em Helsinque.

Niinistö afirmou que a adesão da Finlândia à Otan "é uma prova de poder da democracia" e lembrou que essa decisão tem o aval da maioria dos cidadãos, dos partidos políticos e do Parlamento. O pedido, porém, ainda não foi aprovado pelos deputados finlandeses, que devem fazê-lo nos próximos dias. Depois de aprovado, o pedido formal será submetido à sede da aliança, em Bruxelas.

Em paz desde o período das guerras napoleônicas, a Suécia estava mais relutante em deixar seu não-alinhamento do que a Finlândia, que lutou contra a União Soviética no século passado. O apoio popular à adesão à Otan saltou para mais de 60% na Suécia, contra 40% antes da guerra.

Espera tensa

Um pedido de adesão à Otan iniciará uma espera tensa durante os meses que levam para a ratificação por todos os membros da aliança. A Turquia já expressou suas objeções, mas a Otan e a Casa Branca afirmaram estar confiantes de que Ancara estará aberta para convencimento.

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Tanto a Suécia como a Finlândia já são parceiros da Otan e vêm participando de exercícios conjuntos há anos, e abandonaram sua estrita neutralidade ao aderirem juntos à União Europeia em 1995. Mas, até agora, a melhor forma de manter a paz era não escolher publicamente os lados.

Andersson disse no domingo que seu país estaria "vulnerável" durante o processo de candidatura à Otan, quando ainda não estaria coberto pela cláusula de defesa coletiva da aliança. Ela não especificou que tipo de ameaças eram motivo de preocupação.

A Suécia vem equipando suas Forças Armadas na última década, particularmente desde a anexação da Crimeia pela Rússia 2014, e comprou mísseis de defesa anti-aérea Patriot fabricados pelos Estados Unidos e destacou militares para a ilha de Gotland.

O vice-secretário-geral da Otan, Mircea Geoana, afirmou à DW neste domingo que, se a Suécia e a Finlândia pedirem a adesão, a aliança militar fará o possível "para garantir que eles tenham um processo célere".

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Ele também destacou o que vê como sinergias proporcionadas por uma eventual adesão dos dois países escandinavos. "Não é necessário mencionar seus excelentes procedimentos democráticos, a forma pelas quais suas Forças Armadas têm alta capacidade instalada, e o fato de que eles já são muito interoperáveis com a Otan neste momento. Eles iriam agregar valor à segurança deles, à nossa segurança, e em geral para a comunidades transatlântica", afirmou.

Rússia menciona "sérias conseqüências"

A Rússia advertiu a Suécia e a Finlândia sobre "sérias conseqüências" e que poderia instalar armas nucleares e mísseis hipersônicos no exclave europeu de Kaliningrado se os países escandinavos aderissem à Otan.

Além dos 1,3 mil quilômetros de fronteira terrestre com a Finlândia, a Rússia compartilha uma fronteira marítima com a Suécia.

Na quinta-feira, o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, afirmou que a adesão da Finlândia à aliança militar não contribuiria para a estabilidade e a segurança na Europa, e que a reação de Moscou dependerá das movimentações da Otan para expandir sua infraestrutura em regiões próximas às fronteiras russas.

bl (Reuters, dpa)

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