Fome no mundo aumenta e agências da ONU alertam para "catástrofe iminente"

6 jul 2022 - 19h23

Os níveis mundiais de fome subiram novamente no ano passado depois de já terem crescido em 2020 devido à pandemia de Covid-19, com a guerra da Ucrânia e a mudança climática ameaçando causar fome e migração em massa em uma "escala sem precedentes" este ano, de acordo com agências da ONU.

Até 828 milhões de pessoas, ou quase 10% da população mundial, foram afetadas pela fome no ano passado, sendo 46 milhões a mais do que em 2020 e 150 milhões a mais do que em 2019, afirmaram as agências, incluindo a Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO), o Programa Mundial de Alimentos (PMA) e a Organização Mundial da Saúde (OMS) na edição de 2022 do relatório da ONU sobre segurança alimentar e nutrição.

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Os níveis mundiais de fome permaneceram relativamente inalterados entre 2015 e 2019.

"Há um perigo real de que estes números subam ainda mais nos próximos meses", disse o diretor-executivo do PMA, David Beasley, acrescentando que as altas nos preços de alimentos, combustíveis e fertilizantes resultantes da guerra Rússia-Ucrânia ameaçam empurrar os países para a fome.

"O resultado será uma desestabilização global, fome e migração em massa em uma escala sem precedentes. Temos que agir hoje para evitar esta catástrofe que se aproxima", acrescentou.

A Rússia e a Ucrânia são o terceiro e quarto maiores exportadores de grãos do mundo, respectivamente, enquanto a Rússia é também um exportador-chave de combustível e fertilizantes.

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A guerra perturbou suas exportações, empurrou os preços mundiais dos alimentos para níveis recordes e desencadeou protestos nos países em desenvolvimento que já lutam com preços elevados de alimentos devido às interrupções da cadeia de fornecimento relacionadas à Covid-19.

O relatório da ONU divulgado nesta quarta-feira advertiu sobre implicações "potencialmente sóbrias" para a segurança alimentar e a nutrição, à medida que os conflitos, crises climáticas, choques econômicos e desigualdades continuam se intensificando.

O documento estimou que, em 2020, 22% das crianças menores de 5 anos eram raquíticas, enquanto 6,7%, ou 45 milhões, sofriam de uma forma letal de desnutrição que aumenta o risco de morte em até 12 vezes.

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