Os primeiros estoques de cereais para uso em caso de guerra ou crise serão estabelecidos no norte da Suécia, uma região de "importância militar estratégica", anunciou o governo nesta terça-feira (14).
Estocolmo prevê investir, dentro do orçamento de 2026, 575 milhões de coroas (mais de R$ 330 milhões) para criar essas reservas. Elas serão financiadas por contratos firmados entre o Estado e empresas privadas.
O Estado comprará uma certa quantidade de cereais dessas empresas e pagará para garantir a renovação contínua dos produtos (estoques rotativos), que deverão estar sempre disponíveis, explica a Agência Sueca de Agricultura.
O edital será lançado em 15 de outubro nos condados de Norrbotten, Västerbotten, Västernorrland e Jämtland. Esses condados dependem atualmente exclusivamente do transporte vindo do sul do país para garantir o abastecimento alimentar, o que pode representar um risco em caso de conflito.
"O norte da Suécia tem importância estratégica militar e é uma prioridade especial para a defesa total", declarou Carl-Oskar Bohlin, ministro da Defesa Civil, citado em comunicado.
"Não é por acaso que as primeiras etapas para a criação de estoques de cereais estão ocorrendo aqui: trata-se, fundamentalmente, de garantir que a população possa colocar comida na mesa mesmo em tempos de crise", acrescentou.
Defesa total
O conceito de "defesa total" foi reativado pela Suécia em 2015, após a ocupação da Crimeia pela Rússia em 2014, e reforçado após a invasão em larga escala da Ucrânia em 2022.
O objetivo é envolver toda a sociedade — do Estado aos cidadãos e empresas — para resistir coletivamente a uma agressão armada, mantendo as funções vitais do país.
O pão e os produtos à base de cereais têm alto valor energético, destaca a Agência Sueca de Agricultura, que afirma que entre 90% e 95% da população poderia se alimentar exclusivamente de cereais por três meses sem sofrer deficiências nutricionais.
com AFP