A legenda de extrema direita Chega ("Basta"), fundada em 2019, conquistou neste domingo (12) suas primeiras prefeituras em Portugal, marcando um avanço simbólico no cenário político local. A legenda liderada por André Ventura venceu em três municípios: Albufeira, estância balneária no Algarve (sul); Entroncamento, no distrito de Santarém (centro); e São Vicente, pequena comuna rural na ilha da Madeira.
Apesar do feito inédito, o desempenho ficou aquém das expectativas. O Chega obteve 11,9% dos votos em todo o país — um crescimento expressivo em relação aos 4,2% registrados nas eleições locais de 2021 —, mas longe de repetir o resultado das legislativas de maio, quando se tornou a principal força de oposição no Parlamento com 18% dos votos e ficou em primeiro lugar em cerca de 60 municípios.
"Sempre disse que não há partidos de poder que não estejam implantados localmente. Hoje demos esse primeiro passo, mas ainda estamos longe dos objetivos que estabelecemos", reconheceu Ventura após a divulgação dos resultados.
Centro-direita avança
Enquanto isso, no plano nacional,o Partido Social-Democrata (PSD, centro-direita), liderado pelo primeiro-ministro Luís Montenegro, saiu vitorioso. Sozinho ou em coalizão, o PSD elegeu 136 prefeitos, de um total de 308, superando o Partido Socialista (PS), que conquistou 126 prefeituras. O PS havia vencido as últimas eleições locais em 2021.
Montenegro celebrou "uma vitória em toda a linha" e afirmou que o PSD voltou a ser "o maior partido em nível local". A vitória em Lisboa e Porto, as duas maiores cidades do país, reforçou o resultado. Na capital, a coalizão liderada pelo prefeito Carlos Moedas obteve 41,7% dos votos, contra 34% da lista da esquerda, que excluiu o Partido Comunista.
No Porto, o prefeito anterior, independente apoiado pela direita, não concorreu à reeleição. O candidato governista Pedro Duarte venceu por margem apertada, com 37,3% dos votos, contra 35,5% do socialista.
As eleições municipais de 2025 revelaram um cenário político fragmentado, com a extrema direita conquistando espaço, mas ainda distante de se consolidar como força dominante nos governos locais. Já a centro-direita, apesar de liderar um governo minoritário, conseguiu ampliar sua presença territorial e retomar o protagonismo nas principais cidades do país.
Com AFP