Imprensa francesa relembra os 10 anos dos atentados de Paris

As capas dos principais jornais franceses neste 13 de novembro relembram uma data trágica para a França, mas que se tornou também um símbolo de resistência e união do país.

13 nov 2025 - 07h06

"A vida após a sobrevivência" é a manchete do jornal Libération, que traz testemunhos de sobreviventes dos ataques coordenados, que contam como atravessaram a última década e a maneira como encaram o futuro. Aquela noite, diz o jornal, está marcada na memória coletiva. Cada pessoa que estava em Paris na fatídica data lembra, a sua maneira, o que estava fazendo em 13 de novembro de 2015. Temperaturas amenas daquela sexta-feira levaram muita gente para as mesas de bares ao ar livre, outros assistiam a um show no Bataclan, centenas foram assistir ao amistoso França e Alemanha no Stade de France. Mas a violência do terrorismo interrompeu a vida de 132 pessoas, feriu centenas e traumatizou um país inteiro, destaca o Libé.

Uma mulher coloca flores em um memorial em homenagem às vítimas dos atentados do 13 de novembro, na Praça da República, em Paris, em 11 de novembro de 2025.
Uma mulher coloca flores em um memorial em homenagem às vítimas dos atentados do 13 de novembro, na Praça da República, em Paris, em 11 de novembro de 2025.
Foto: AFP - DIMITAR DILKOFF / RFI

"Uma noite que nos assombra ainda" é a manchete do jornal Le Parisien, que lembra que "nenhum sobrevivente saiu ileso" e que "os atentados ainda ecoam no cotidiano da França". Dez anos depois, o país vive este aniversário dos ataques coordenados "como se fosse hoje", diz. Entrevistada pelo diário, a psicóloga Mathilde Tiberghien afirma que, "em uma escala societal, a França jamais recuperou o sentimento de segurança de antes". Para muitas pessoas, situações simples do cotidiano, como usar os transportes públicos, estar em meio a uma aglomeração, ir a um restaurante ou a um evento cultural, é sinônimo de estresse e hipervigilância.

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Por outro lado, psiquiatras entrevistados pelo diário destacam a reconstrução da sociedade após processar o trauma do 13 de novembro. "Uma prova da capacidade de resiliência e superação das pessoas", diz ao jornal o parisiense Philippe, sobrevivente dos atentados.

"Encarar a ameaça" é a manchete do diário La Croix, que escolheu abordar os desafios dos serviços antiterrorismo da França, que foram obrigados a se reestruturar e adaptar seu funcionamento diante de uma situação até então inédita no país. Em editorial, o jornal afirma que "nossa democracia fornece ferramentas de vigilância", por meio da pesquisa, educação, criação e informação, representando a vitória coletiva contra a barbárie. 

O jornal Le Figaro traz uma entrevista exclusiva com o chefe da Direção Geral da Segurança Interior da França, que afirma que "a ameaça islâmica está em plena mutação mas segue alta" no país. Para ele, atualmente o risco de atentados similares no país é "improvável", mas a radicalização, principalmente de jovens, é algo recorrente. Segundo dele, desde o 13 de novembro de 2015, dezenas de jovens são indiciados por terrorismo a cada ano na França.

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