Mais de 1.700 pessoas participaram de uma maratona, na manhã deste domingo (9), com largada do Stade de France, o primeiro lugar onde o comando jihadista do grupo Estado Islâmico atacou na noite de 13 de novembro de 2015. A "corrida pela liberdade", ligando todos os locais marcados pelo terror em Paris e seus arredores, deu o pontapé inicial para vários dias de homenagens.
O percurso passou pelo estádio, pelos terraços de vários restaurantes e bares e, finalmente, pela casa de shows Bataclan, onde os terroristas mataram 130 pessoas e feriram centenas.
Simbolicamente, a largada ocorreu em frente à placa em memória de Manuel Dias, morto nos arredores do estádio, a primeira vítima da série de ataques perpetrados há 10 anos.
Visivelmente emocionada, Sophie Dias, filha da vítima, recebeu aplausos da multidão. "Não nos esqueçamos dos valores da República", pediu ela.
O evento foi organizado pela Associação Francesa de Vítimas do Terrorismo. A corrida de 16 quilômetros foi concebida como "uma onda positiva que passa para trazer vida de volta onde havia morte", explica a vice-presidente da associação, Catherine Bertrand.
A ideia surgiu após os Jogos Olímpicos de Paris 2024, "uma euforia coletiva", uma constelação de "momentos extremamente unificadores" que foi reconfortante para a sobrevivente dos ataques de 2015.
"Dez anos passam tão rápido, e foi um momento decisivo para todos, então não podemos esquecê-lo, e é por isso que estamos correndo", disse a corredora Julie Leblanc, de 30 anos.
A corrida passou pelos restaurantes e bares atacados em 2015: Le Petit Cambodge e Le Carillon, La Bonne Bière e Casa Nostra, Le Comptoir Voltaire, La Belle Équipe, bem como a casa de shows Bataclan.
"Nunca Mais"
Na Praça da República, Jean-Marc Domart, de 80 anos, colocou uma pequena vela para homenagear as vítimas e para dizer "nunca mais".
Depois da corrida, uma "Marcha pela Igualdade" reuniu, em Paris, à tarde, aqueles que não participaram da corrida, mas gostariam de se recolher neste momento coletivo de reflexão.
Entre 2.000 e 3.000 pessoas participaram da marcha. "É importante demonstrar solidariedade diante de um evento tão impensável e terrível", disse Leslie, de 37 anos, perto do Bataclan, onde 90 pessoas foram massacradas durante um show do Eagles of Death Metal.
Para Bruno Cuaz, de 66 anos, esses ataques representam "o ápice da falta de humanidade". "Estou aqui porque foi um evento que me afetou profundamente há 10 anos", confessou o jornalista, visivelmente emocionado.
Ao chegar em frente à casa de shows, a multidão parou e fez um longo momento de silêncio, quebrado por uma forte salva de palmas.
"Perdi minha companheira no Bataclan", disse Aurélie Silvestre. "Ver todas essas pessoas ao meu redor é algo sem precedentes. É incrivelmente lindo", disse.
Uma "Vila da Fraternidade" foi montada em frente à prefeitura de Paris.
As homenagens continuam durante esta semana. Na quinta-feira (13), os atentados mais violentos da história recente do país serão marcados pela inauguração de um jardim memorial na praça Saint-Gervais, no centro da capital francesa, com presença da prefeita Anne Hidalgo e do presidente Emmanuel Macron. A cerimônia laica será transmitida pela televisão.
Com AFP