Apoio do Partido Socialista será decisivo para continuidade do novo governo francês

O presidente francês, Emmanuel Macron, nomeou, na noite deste domingo (12), o novo governo liderado pelo primeiro-ministro de centro-direita, Sébastien Lecornu. Entre os 34 ministros, há diversos nomes oriundos da sociedade civil e técnicos de alto escalão da administração pública. Lecornu apresentará seu programa de governo em um discurso nesta terça-feira (14), na Assembleia Nacional.

13 out 2025 - 08h12
(atualizado às 12h21)

O presidente francês, Emmanuel Macron, nomeou, na noite deste domingo (12), o novo governo liderado pelo primeiro-ministro de centro-direita, Sébastien Lecornu. Entre os 34 ministros, há diversos nomes oriundos da sociedade civil e técnicos de alto escalão da administração pública. Lecornu apresentará seu programa de governo em um discurso nesta terça-feira (14), na Assembleia Nacional.

O Partido Socialista (PS), de esquerda, exige a suspensão da reforma da Previdência, a criação de um imposto adicional para os mais ricos e medidas de aumento do poder de compra para os salários mais baixos. A legenda decidirá em seguida se apresentará uma nova moção de censura contra o governo.

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Segundo estimativas da imprensa, faltariam entre 20 e 30 votos para que uma moção de censura seja aprovada e derrube o recém-nomeado governo Lecornu. A posse dos novos ministros ocorre nesta segunda-feira (13), sem cerimônia oficial.

Macron concordou com a formação do novo governo uma semana depois do anterior. Lecornu, 39, renunciou na segunda passada (6) 14 horas depois de anunciar seu gabinete, mas o presidente renovou a confiança neste fiel aliado na última sexta-feira (10).

Os partidos da esquerda radical (LFI - A França Insubmissa), o Partido Comunista e o partido de extrema direita (RN - Reunião Nacional) já anunciaram que apresentarão moções de censura no Parlamento. Os deputados ecologistas, embora ainda não tenham se manifestado oficialmente, já declararam que "não têm motivos para apoiar" a nova equipe.

O apoio dos socialistas é essencial para a manutenção do governo Sébastien Lecornu. Até o momento, o primeiro-ministro limitou-se a afirmar que a questão da reforma da Previdência poderá ser debatida na Assembleia Nacional.

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Nova equipe ministerial

O presidente da empresa ferroviária estatal francesa SNCF, Jean-Pierre Farandou, assumirá o Ministério do Trabalho. Farandou foi responsável por negociar um acordo histórico com os ferroviários — uma categoria muito ativa em manifestações e greves — e já recebeu, agora como ministro, o apoio da principal central sindical moderada, a CFDT.

Outro sinal de ruptura dado por Lecornu foi a nomeação da ex-presidente da ONG ambientalista WWF Monique Barbu para o Ministério da Transição Ecológica.

Entre os recém-chegados está também o ex-chefe da polícia de Paris, Laurent Nuñez, nomeado ministro do Interior. Ele sucede ao líder do partido conservador Os Republicanos (LR), Bruno Retailleau, cujas críticas à composição do governo anterior precipitaram a renúncia de Lecornu e a crise da última semana.

O LR governava em aliança com Macron desde setembro de 2024. Embora o partido tenha decidido deixar o governo no sábado (11), seis de seus membros aceitaram cargos na nova equipe de Lecornu. O partido anunciou rapidamente a expulsão desses dirigentes.

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Outro ministro com perfil técnico é o alto funcionário Édouard Geffray, que assume o Ministério da Educação Nacional.

Do lado político, permanecem o ministro encarregado da Europa e das Relações Exteriores, Jean-Noël Barrot, e o ministro da Economia, Roland Lescure, além de figuras de peso como Gérald Darmanin (Justiça) e Rachida Dati (Cultura). A atual ministra Catherine Vautrin permanece como titular da Defesa.

Entre os "novos rostos", destacam-se ainda a deputada macronista dos franceses na América Latina, Éléonore Caroit, que será responsável pela Francofonia, e o conservador Vincent Jeanbrun, que assume o Ministério da Habitação. Os ex-primeiros-ministros Élisabeth Borne e Manuel Valls deixam o governo.

Desafio orçamentário

O principal objetivo do novo governo é "dar um orçamento à França antes do fim do ano", escreveu o primeiro-ministro na rede social X, acrescentando que os novos ministros aceitaram os convites "com total liberdade" e "acima de interesses partidários".

O desafio é apresentar um projeto de orçamento para 2026 que obtenha maioria na Assembleia Nacional e permita equilibrar as contas públicas, cujo nível de endividamento atingiu, em junho, 115,6% do PIB.

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Essa é uma tarefa que não foi cumprida por seus antecessores, o conservador Michel Barnier e o centrista François Bayrou — ambos derrubados por moções de censura no Parlamento ao tentarem aprovar seus projetos de finanças.

Macron — que ainda não se pronunciou publicamente sobre a atual crise — está em viagem ao Egito para apoiar o acordo de cessar-fogo na Faixa de Gaza. Caso o novo governo caia, o presidente poderá antecipar as eleições legislativas, como fez em 2024, quando o resultado deixou uma Assembleia sem maioria clara, dividida em três blocos: esquerda, centro-direita e extrema-direita — esta última liderando as pesquisas de intenção de voto.

(Com RFI e agências)

A RFI é uma rádio francesa e agência de notícias que transmite para o mundo todo em francês e em outros 15 idiomas.
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