Promotores dos Estados Unidos anunciaram nesta segunda-feira uma acusação criminal contra dois supostos líderes de uma gangue supremacista branca, dizendo que eles usaram a rede social Telegram para defender ataques contra negros, judeus, pessoas LGBTQ e imigrantes, com o objetivo de iniciar uma guerra racial.
O grupo, chamado de "Coletivo Terrorgram", usou o app para celebrar ataques supremacistas brancos ao redor do mundo e para incentivar a violência racialmente motivada, disseram os promotores em uma acusação não lacrada em um tribunal federal em Sacramento, na California.
Dallas Humber, 34, de Elk Grove, California, e Matthew Allison, 37, de Boise, Idaho, enfrentam cada um 15 acusações criminais, incluindo crimes de ódio e atuação para fornecer suporte material ao terrorismo. Os dois estão presos, segundo as autoridades. Ainda não está claro se eles possuem advogados.
As acusações mais sérias carregam punição de até 20 anos de prisão.
Entre os alvos do grupo estavam autoridades do governo dos EUA e áreas críticas de infraestrutura, com a meta principal de causar colapso na sociedade norte-americana, disseram autoridades do Departamento de Justiça dos EUA durante uma coletiva de imprensa online.
"O indiciamento reflete a resposta do departamento à nova face tecnológica da supremacia branca, já que aqueles que buscam violência em massa estão expandido seu alcance online para encorajar, solicitar e facilitar atividades terroristas", disse Kristen Clarke, chefe da divisão de direitos civis do Departamento de Justiça.
Humber e Allison ajudaram na criação de um documento que justifica a ideologia do grupo e inclui instruções detalhadas de como realizar ataques terroristas, incluindo tutoriais de como construir bombas, de acordo com o indiciamento.
A dupla também atuou em conjunto para criar uma lista de alvos "de alto valor" para assassinato, que inclui um senador dos EUA e um juiz federal. Eles eram vistos como inimigos da causa da supremacia branca, afirmaram os promotores.
Humber e Allison se tornaram líderes do grupo em 2022, ajudando a supervisionar uma rede de canais de Telegram e grupos de discussão que ofereciam apoio para usuários cometerem atos de violência supremacista branca, ainda de acordo com o indiciamento.
O app de mensagens está passando por maior escrutínio depois que seu fundador, o russo Pavel Durov, foi preso na França no mês passado, como parte de uma investigação relacionada com pornografia infantil, tráfico de drogas e transações fraudulentas dentro do app.
Durov, que já foi libertado, condenou a decisão de prendê-lo, algo que reanimou o debate sobre liberdade de expressão e a culpa de executivos de redes sociais pelos conteúdos em suas plataformas.
Ele prometeu combater as críticas sobre as políticas de moderação na plataforma. Um porta-voz do Telegram não foi encontrado imediatamente para comentar sobre o indiciamento.