Em meio a 'retirada' de tropas, Rússia fará exercícios nucleares

Situação no Donbass se agrava com violações de cessar-fogo

18 fev 2022 - 09h16
(atualizado às 09h49)

A Rússia anunciou nesta sexta-feira (18) uma nova retirada de tanques, caminhões militares e aeronaves de combate das regiões de fronteira com a Ucrânia e na Crimeia, como parte do planejamento de retornar os equipamentos pesados para as bases permanentes.

Rússia está fazendo exercícios militares em áreas próximas às fronteiras com a Ucrânia
Rússia está fazendo exercícios militares em áreas próximas às fronteiras com a Ucrânia
Foto: EPA / Ansa - Brasil

"Um outro trem militar que transportava soldados e equipamentos pertencentes às unidades de carros armados do distrito militar ocidental voltou para sua base permanente", diz um comunicado do Ministério da Defesa repercutido pelas agências estatais de notícias.

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Da Crimeia, teriam sido retirados 10 bombardeiros SU-24 usados nos exercícios militares. No entanto, os países ocidentais acusam os russos de estarem mentindo sobre essas retiradas para tentar enganar a opinião pública e acusam Moscou de ter retirado soldados, mas deixado toda uma estrutura pronta para um combate.

E, para elevar ainda mais a tensão, o Kremlin informou que será realizado um exercício com armas nucleares neste sábado (19) e que o treinamento das "forças estratégicas" será supervisionado pessoalmente pelo presidente Vladimir Putin.

Conforme comunicado da Defesa, "o exercício já estava programado" e não é uma ameaça aos ocidentais.

Conflitos no Donbass

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Nesta sexta-feira, voltaram a se intensificar as denúncias de violações dos Acordos de Minsk na área separatista do Donbass. As acusações, porém, vem de ambos os lados e não é possível determinar a verdade sobre quem começou os ataques.

Do lado russo, que apoia os grupos separatistas pró-Moscou de Donetsk e Lugansk, o porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, afirmou que o governo "está muito preocupado" sobre o que está acontecendo na região e que isso "é potencialmente muito perigoso".

O ministro russo das Relações Exteriores, Sergei Lavrov, acusou o governo ucraniano de usar "armas proibidas" no Donbass.

Já os grupos separatistas, segundo a agência estatal russa Interfax, acusaram as forças oficiais de Kiev de atacarem Lugansk nesta manhã com morteiros. Segundo eles, houve 27 violações do cessar-fogo por parte do Exército ucraniano.

Do outro lado, o Ministério da Defesa de Kiev acusou os separatistas de violarem o acordo por 60 vezes e de terem feito ataques contra suas próprias vilas - em locais desabitados - como pretexto para responderem às forças oficiais.

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O comandante das forças armadas ucranianas, Valeri Zaluzhny, informou que a corporação não está fazendo nenhum ataque contra os separatistas e que apenas está se defendendo das ações dos grupos pró-Rússia.

A Organização para a Segurança e Cooperação da Europa (OSCE), por sua vez, afirmou que registrou 189 violações dos acordos em Donetsk e 402 em Lugansk nas últimas 24 horas.

Donbass 

A região separatista do Donbass vive em constante tensão desde 2014, quando se iniciou a crise mais grave entre Rússia e Ucrânia e que voltou a se acentuar agora.

Os conflitos armados na área foram intensos, com milhares de mortos entre as forças oficiais e os rebeldes, mas se acalmaram e diminuíram desde fevereiro de 2015, quando foram assinados os Acordos de Minsk entre Kiev e Moscou sob a intermediação de Alemanha e França.

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Os documentos preveem diversas ações de ambos os governos, mas pouco saiu de papel. O que tinha sido mais implementado, de fato, era o cessar-fogo em Lugansk e Donetsk.

Além disso, entre as medidas firmadas pelos dois governos, os russos não poderiam mais financiar os rebeldes e os ucranianos precisariam dar um status de regiões autônomas aos dois locais - mas nenhuma das duas regras foi colocada em prática de fato. .

  
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