O Congresso dos Estados Unidos volta da campanha nesta segunda-feira para enfrentar o prazo final de financiamento do governo no fim do mês, mas a política eleitoral ainda vai se manter em prioridade já que os republicanos querem usar o processo para fazer avançar um projeto de lei apoiado por Donald Trump.
O presidente da Câmara dos Deputados, o republicano Mike Johnson, propôs um projeto de lei com financiamento de seis meses que inclui uma medida que exige que as pessoas apresentem prova de cidadania para se registrar como eleitores em eleições federais.
Já é ilegal para não cidadãos votarem nas eleições federais nos EUA e estudos independentes mostraram que não há evidência que um grande número de pessoas votem ilegalmente. O ex-presidente Trump, contudo, transformou o tema em foco na sua campanha presidencial contra a democrata, e atual vice-presidente, Kamala Harris.
O segundo em comando na Câmara, o republicano Steve Scalise, disse que a medida contra o voto de não cidadãos é uma das principais demandas para membros de sua bancada.
"Estamos conversando muito com os nossos membros e todos querem adicionar algo" para o projeto de lei de financiamento, disse Scalise em entrevista. "Isto parece ser um dos pontos que a maioria dos membros estão de acordo."
O Senado, de maioria democrata, ignorou um projeto de lei isolado sobre o tema já aprovado este ano pela Câmara, controlada pelos republicanos, e o líder da maioria Chuck Schumer indicou que há pouco interesse na nova iniciativa.
"Como dissemos a cada vez que temos um CR, a única maneira de avançar é se atuarmos de forma bipartidária e foi isso o que sempre aconteceu", disse Schumer em comunicado para a Reuters, usando a sigla de "resolução continuada" para medidas de financiamento governamental.
Alguns republicanos na Câmara se mostraram céticos sobre a tentativa de incluir os dispositivos contra votos de não cidadãos em um projeto de lei sobre financiamento.
"Sabemos que não vai ser aprovado. É desonesto tentar colocar isso junto com a CR", disse o deputado da linha dura republicana Matt Rosendale em vídeo publicado nas redes sociais, no qual ele conclama seus correligionários a focar o financiamento com prioridades de gastos mais conservadores.
O principal democrata da Câmara, Hakeem Jeffries, disse que planeja lutar por um montante de 1,68 trilhão de dólares de gastos discricionários, valor acordado ano passado durante as negociações sobre o limite da dívida.
Já são quase três décadas desde que o Congresso conseguiu, em 1996, realizar uma das suas funções principais com sucesso: manter o governo financiado até 30 de setembro, o fim do ano fiscal. Este ano, o Congresso fracassou em aprovar até março um projeto para o ano fiscal completo.
Os deputados enfrentam um prazo ainda mais crítico em 1º de janeiro, antes do qual eles precisam aumentar ou prolongar o teto de endividamento sob o risco de inadimplência de mais de 35 trilhões de dólares da dívida pública federal.