A República Democrática do Congo e o grupo rebelde M23 assinaram neste sábado um acordo-quadro de paz com o objetivo de pôr fim aos combates no leste do país, que já mataram milhares de pessoas e deslocaram centenas de milhares de outras este ano.
O acordo foi assinado por representantes de ambos os lados em uma cerimônia na capital do Catar, Doha.
Esse foi o mais recente de uma série de documentos assinados nos últimos meses como parte de esforços, apoiados pelos Estados Unidos e pelo Catar, para pôr fim a décadas de combates no Congo, que têm sido uma ameaça duradoura à estabilidade regional.
O acordo-quadro foi descrito por autoridades dos EUA e do Catar como um passo importante em direção à paz, mas um dos muitos que estão por vir.
O principal enviado dos EUA para a região, Massad Boulos, disse à Reuters que o acordo-quadro abrange oito protocolos e que ainda é necessário trabalhar para chegar a um acordo sobre como implementar seis deles.
Boulos também reconheceu que a implementação dos dois primeiros -- relativos à troca de prisioneiros e ao monitoramento de um cessar-fogo, que foram acordados nos últimos meses -- tem sido lenta.
"Sim, as pessoas estavam esperando ver provavelmente alguns resultados imediatos, mas este é um processo... Não se trata de um interruptor de luz que você simplesmente liga e desliga", disse ele a repórteres após a assinatura.
O M23, na mais recente de uma série de ações apoiadas pela vizinha Ruanda, tomou Goma, a maior cidade do leste do Congo, em janeiro, e passou a obter ganhos nas províncias de Kivu do Norte e Kivu do Sul.
Ruanda há muito tempo nega as alegações de que tenha ajudado o M23, que conquistou mais território no Congo do que jamais havia conquistado.
Tibor Nagy, ex-enviado principal para a África durante o primeiro governo Trump, disse que muito mais trabalho precisa ser feito para realmente abordar as causas fundamentais do conflito e a profunda desconfiança entre as partes em conflito.