Trump rejeita emendas da OMS e desafia acordo global contra futuras pandemias

O governo de Donald Trump anunciou na sexta-feira (18) que os Estados Unidos rejeitam as emendas aprovadas em 2024 pelos países-membros da Organização Mundial de Saúde (OMS), que atualizam o Regulamento Sanitário Internacional (RSI) — instrumento jurídico que orienta a resposta global a emergências sanitárias. Para Washington, as mudanças violariam a soberania norte-americana.

19 jul 2025 - 13h53

O governo de Donald Trump anunciou na sexta-feira (18) que os Estados Unidos rejeitam as emendas aprovadas em 2024 pelos países-membros da Organização Mundial de Saúde (OMS), que atualizam o Regulamento Sanitário Internacional (RSI) — instrumento jurídico que orienta a resposta global a emergências sanitárias. Para Washington, as mudanças violariam a soberania norte-americana.

Tedros Adhanom Ghebreyesus, directeur général de l'OMS.
Tedros Adhanom Ghebreyesus, directeur général de l'OMS.
Foto: AFP - FABRICE COFFRINI / RFI

"Essas emendas podem restringir indevidamente nosso direito soberano de definir nossa política de saúde", afirma uma nota assinada pelo secretário de Saúde, Robert Kennedy Jr., e pelo secretário de Estado, Marco Rubio. Em um vídeo nas redes sociais, Kennedy Jr., conhecido por seu ceticismo em relação às vacinas, atacou o que classificou como tentativas de implantar "um sistema de controle tecnocrático".

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A decisão dos Estados Unidos foi classificada como lamentável pela OMS, que reforçou que as emendas foram elaboradas com base nos aprendizados da pandemia de Covid-19. As mudanças, previstas para entrar em vigor em 19 de setembro de 2025, têm o objetivo de tornar mais ágil e eficaz a resposta internacional a futuras pandemias.

Resposta da Organização Mundial de Saúde

"A soberania dos Estados está garantida nas emendas", afirmou o diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, ao rebater as alegações feitas por autoridades norte-americanas. Tedros destacou que a organização não tem poder para impor medidas como lockdowns ou restrições de viagem.

Especialistas em saúde pública ouvidos por veículos internacionais demonstraram preocupação com o sinal negativo dado pelos Estados Unidos. Eles alertam que, por motivos políticos ou econômicos, alguns países podem ocultar sinais iniciais de uma pandemia — o que reforça a importância do sistema de alerta e compartilhamento de informações proposto pela OMS.

Desde que reassumiu a presidência, Donald Trump cortou recursos destinados à saúde global e anunciou a saída dos Estados Unidos da OMS, organização que até então contava com o país como seu principal financiador.

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