'Shutdown' mais longo da história dos EUA deve levar ao cancelamento de milhares de voos

O bloqueio do orçamento dos EUA levará ao cancelamento de milhares de voos a partir desta sexta-feira (7) no país, de acordo com um anúncio feito pelo governo americano na quarta (5). O objetivo é "reduzir a pressão" sobre o controle aéreo, que não pode operar normalmente devido ao 'shutdown'. O bloqueio orçamentário obriga os controladores de tráfego aéreo a ficarem em licença não remunerada ou a trabalharem sem salário.

6 nov 2025 - 11h59

O bloqueio do orçamento dos EUA levará ao cancelamento de milhares de voos a partir desta sexta-feira (7) no país, de acordo com um anúncio feito pelo governo americano na quarta (5). O objetivo é "reduzir a pressão" sobre o controle aéreo, que não pode operar normalmente devido ao 'shutdown'. O bloqueio orçamentário obriga os controladores de tráfego aéreo a ficarem em licença não remunerada ou a trabalharem sem salário.

Passageiros consultam a lista de voos no Aeroporto Internacional de Miami
Passageiros consultam a lista de voos no Aeroporto Internacional de Miami
Foto: Getty Images via AFP - JOE RAEDLE / RFI

Nesta quinta-feira (6), os EUA entraram no 37º dia de paralisação orçamentária, batendo o recorde do "shutdown" mais longo da história do país. Desde 1º de outubro, republicanos e democratas não conseguem chegar a um acordo sobre o novo orçamento.

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O resultado é que milhares de funcionários federais estão em licença não remunerada, e muitos são obrigados a continuar trabalhando sem receber até o fim da crise. Este é o caso de 60 mil controladores de tráfego aéreo e agentes de segurança dos transportes. Mas, sem salário, muitos deles simplesmente se ausentaram. A crise já atingiu mais de 3 milhões de passageiros.

"Vamos reduzir a capacidade" de voos "em 10% em 40" dos aeroportos mais movimentados do país, declarou o secretário de Transportes dos Estados Unidos, Sean Duffy, durante uma entrevista coletiva. "Estamos com falta de 2.000 controladores de tráfego aéreo", explicou. Segundo ele, é necessário "reduzir a pressão" e diminuir o número de voos que serão supervisionados pelas equipes.

De acordo com uma lista divulgada pela rede CBS News, os aeroportos de Atlanta, Dallas, Los Angeles e Nova York, que estão entre os mais movimentados do país, devem ser os mais afetados. Segundo um comunicado da companhia aérea United Airlines, os voos internacionais de longa distância e as conexões vão operar normalmente.

As reduções de voos começarão com 4% na sexta-feira (7) e aumentarão progressivamente até atingir 10%, segundo a imprensa americana. "Vamos pedir às companhias aéreas que colaborem conosco para reduzir seus planos de voo", explicou na quarta-feira (5) o diretor da agência federal reguladora da aviação civil nos Estados Unidos (FAA na sigla em inglês), Bryan Bedford.

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O cancelamento dos voos ocorre às vésperas do feriado de 11 de novembro nos Estados Unidos. Mas a Airlines for America, associação profissional que representa várias grandes companhias aéreas dos Estados Unidos, afirmou em comunicado que buscará "atenuar os impactos para os passageiros". 

Bryan Bedford disse não se lembrar de uma redução semelhante em seus 35 anos de carreira no setor aéreo. "É uma situação muito incomum. Nossos controladores não recebem salário há um mês. Estamos ansiosos para poder voltar a trabalhar normalmente."

"Os controladores que continuam comparecendo estão fazendo horas extras, trabalhando mais dias e queremos reduzir essa pressão (sobre eles) antes que isso se torne um problema", continuou Bedford.

Em média, 44.000 voos são supervisionados diariamente pela FAA, segundo seu site oficial. Mais de 10.000 voos com origem ou destino nos Estados Unidos sofreram atrasos no último fim de semana, de acordo com o serviço de rastreamento FlightAware.

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Fechamento parcial do espaço aéreo já foi cogitado

Em outubro, Mike Johnson, presidente republicano da Câmara dos Deputados dos EUA, alertou que 5% dos atrasos nos voos foram causados por falta de pessoal, mas esse número agora ultrapassa 50%.

Ele alertou, na época, que "quanto mais o bloqueio durar e menos controladores aéreos comparecerem ao trabalho, maior será o risco à segurança do povo americano".

Na terça (4), o secretário de Transportes dos EUA também alertou sobre o risco de 'caos'. "Talvez sejamos simplesmente obrigados a fechar parcialmente o espaço aéreo por falta de controladores de voo", afirmou, culpando os democratas pelo bloqueio orçamentário no congresso.

Com agências

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