Moro diz que Bolsonaro tirou Coaf da Justiça porque tinha 'medo'

Para ex-juiz e ex-ministro da Justiça, presidente, em certo momento do mandato, enfraquecer o combate à corrupção

24 jan 2022 - 23h18

O ex-juiz Sérgio Moro (Podemos) afirmou nesta segunda-feira, 24, que a transferência do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) do Ministério da Justiça para o Ministério da Economia enquanto ele era ministro foi motivada pelo "medo" do presidente Jair Bolsonaro de que investigações que envolvem sua família chegassem a ele. Segundo o pré-candidato à Presidência, a partir de determinado momento do mandato, Bolsonaro começou a enfraquecer o combate à corrupção.

"O primeiro elemento que revelou isso foi quando teve aquela questão do Coaf (...) que estava no Ministério da Justiça, estava na minha alçada. A gente tinha melhorado o Coaf, aumentado o número de pessoas no Coaf, e teve um movimento para tirar o Coaf do Ministério da Justiça e colocar no Ministério da Economia. Ou seja, o Coaf não podia ficar comigo", disse Moro durante entrevista ao Flow Podcast. E completou: "O pessoal tinha medo. Sabia que comigo ali não tinha esquema, não tinha negócio."

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Ainda de acordo com o ex-ministro, o presidente chegou a pedir que ele "não atrapalhasse" ao contestar uma decisão liminar no STF que beneficiou um dos filhos do presidente, o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ)

"O problema é que essa liminar parava todas as investigações de lavagem de dinheiro no país. Parava tudo. E o presidente não queria que a gente não mexesse nisso. E o presidente me disse isso: 'Moro, se você não vai ajudar, não atrapalha'".

Flávio foi denunciado ao lado do ex-assessor parlamentar Fabrício Queiroz por peculato, organização criminosa e lavagem de dinheiro pela Procuradoria do Rio, que o acusa de desviar salários de funcionários durante os mandatos como deputado estadual.

A suposta apropriação de parte dos salários de assessores pelos políticos foi revelada a partir de um relatório do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf), em reportagem do Estadão em dezembro 2018.

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