Lula diz que Bolsonaro é 'possuído pelo demônio' e tenta manipular evangélicos

Petista também chamou o adversário de 'negacionista' durante o seu primeiro ato oficial de campanha, em São Bernardo do Campo

16 ago 2022 - 16h28
(atualizado às 17h41)
O candidato à presidência Luiz Inácio Lula da Silva (PT) participa do seu primeiro ato de campanha em fábrica da Volkswagen em São Bernardo do Campo, no ABC Paulista, na tarde desta terça-feira (16).
O candidato à presidência Luiz Inácio Lula da Silva (PT) participa do seu primeiro ato de campanha em fábrica da Volkswagen em São Bernardo do Campo, no ABC Paulista, na tarde desta terça-feira (16).
Foto: ISAAC FONTANA/CJPRESS/ESTADÃO CONTEÚDO

Ao lançar oficialmente nesta terça-feira, 16, sua candidatura ao Planalto, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) acusou o presidente Jair Bolsonaro (PL) de tentar manipular a boa-fé de evangélicos e disse que Bolsonaro é "possuído pelo demônio".

A campanha de Bolsonaro tem abordado a religião em apelo aos eleitores e tentado vincular de modo pejorativo o petista e sua esposa, Janja da Silva, a religiões de matriz africana.

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Lula diz que Bolsonaro tenta manipular evangélicos
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"Você (Bolsonaro) foi negacionista, você não acreditou na ciência, não acreditou na medicina, você acreditou na sua mentira. Se tem alguém que é possuído pelo demônio é esse Bolsonaro", afirmou o petista.

"Ele é um fariseu, está tentando manipular a boa fé de homens e mulheres evangélicos. Eles ficam contando mentira o tempo inteiro, sobre o Lula, sobre a mulher do Lula, sobre vocês, sobre índio, sobre quilombola. Não haverá mentira nem fake news que mantenha você governando esse país, Bolsonaro", disse o petista.

O ex-presidente escolheu seu berço político para iniciar oficialmente a campanha à presidência. O petista deu o pontapé na campanha eleitoral na porta de uma fábrica da Volkswagen na cidade de São Bernardo do Campo (SP), onde viveu por quatro décadas e construiu sua trajetória política como sindicalista.

O candidato a vice, Geraldo Alckmin (PSB), não participou. Na segunda-feira, 15, em evento de Lula na Universidade de São Paulo, o ex-governador paulista e ex-tucano também não esteve presente ao lado do petista.

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Na USP, o candidato ao senado na chapa petista, Márcio França (PSB), foi vaiado. França participou do evento em São Bernardo do Campo nesta terça-feira e pediu esforço dos presentes para trabalhar pela vitória de Lula no primeiro turno.

Em um discurso mais rápido do que o normal - Lula viaja nesta terça-feira para Brasília, o petista disse ainda que Bolsonaro está "pensando que o povo é besta" e atacou o caráter eleitoreiro do pagamento do Auxílio Brasil.

"Ele não cuidou do povo, mas, faltando três meses, resolveu aumentar o auxílio emergencial, que nos queríamos desde o ano passado", disse. "Eu fui favorável a votar no aumento emergencial, pedi pra bancada do PT votar. Se vocês conhecerem alguém que está desempregado, que está precisando de dinheiro e cair um dinheirinho na conta dele, manda ele pegar e comer. Porque se ele não pegar, o Bolsonaro vai tomar", disse Lula, aplaudido pelo público de trabalhadores.

Ele prometeu que a primeira medida que tomará, se eleito, será voltar à porta da mesma fábrica para anunciar o reajuste da tabela do imposto de renda.

Lula, que se emocionou no final de sua fala, lembrou sua trajetória como sindicalista. "Eu queria vir aqui não só para agradecer a vocês, mas porque foi aqui que tudo aconteceu na minha vida. Foi aqui que aprendi a ser gente e foi por causa de vocês que acho que fui um bom presidente", disse.

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O PT escolheu a fábrica da Volkswagen do Brasil, na Rodovia Anchieta, para iniciar a campanha. Durante a ditadura militar, trabalhadores foram vigiados dentro da fábrica da Volkswagen do Brasil no ABC paulista, com apoio da segurança da empresa, que já reconheceu que deu apoio ao regime militar.

Houve repressão a funcionários dentro da fábrica. Lula citou a época da ditadura e as greves a partir de 1978. "Eu devo praticamente tudo que eu vivi na vida, que eu aprendi na política, nas derrotas e nas vitórias, a essa categoria extraordinária chamada metalúrgicos do ABC", disse.

Com um papel na mão, Lula citou números de diminuição de venda de carros no Brasil e redução dos empregos na indústria e defendeu a criação de empregos. "Eu não precisaria estar candidato outra vez. Agora, companheiros, o Brasil está pior hoje do que estava quando eu tomei posse da primeira vez", disse, repetindo o que tem sido um dos seus mantras de campanha.

"Nós não poderíamos estar em outro lugar que não aqui", disse a presidente nacional do PT Gleisi Hoffmann, ao discursar. "Começar a campanha aqui é muito significativo e simbólico, é voltar as raizes, é dizer com quem a gente tem compromisso, é por quem a gente faz política, é no que nós acreditamos", disse Gleisi.

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Lula irá focar esforços na região sudeste no início oficial da campanha. Além de concentrar 42% do eleitorado, o PT avalia que é preciso conter o bolsonarismo nos Estados de São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro para garantir a vitória.

Segundo o agregador de pesquisas eleitorais do Estadão, o ex-presidente tem 45% das intenções de voto ante 32% de Bolsonaro. Pesquisas regionais recentes, no entanto, mostram o avanço da campanha de Bolsonaro no sudeste.

Lula fará comício em Belo Horizonte na quinta-feira, em São Paulo no sábado e ainda não tem data para agenda no Rio de Janeiro, cidade que deve visitar em breve.

O petista faria uma visita a outra fábrica, na zona de sul, na manhã desta terça-feira, mas cancelou a agenda por falta de tempo para inspeção feita por sua segurança.

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Ainda nesta terça-feira, Lula e Bolsonaro devem se encontrar pela primeira vez. Os dois confirmaram presença na posse do ministro Alexandre de Moraes como presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). O evento acontecerá em Brasília, na sede da Corte. Os ex-presidentes Michel Temer e Dilma Rousseff também devem se encontrar no evento.

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