Opinião: Datafolha - Marçal consolida voto bolsonarista, mas sem ter garantia de vitória

Em simulação de segundo turno, ex-coach perde para Nunes e empata com Boulos; atual prefeito venceria ambos.

5 set 2024 - 17h33
Pablo Marçal (PRTB), Ricardo Nunes (MDB) e Guilherme Boulos (Psol) durante debate.
Pablo Marçal (PRTB), Ricardo Nunes (MDB) e Guilherme Boulos (Psol) durante debate.
Foto: Reprodução / Perfil Brasil

A pesquisa Datafolha com a intenção de voto à capital de São Paulo, divulgada nesta quinta, 5, indicou uma consolidação da candidatura de Pablo Marçal (PRTB) como nome favorito entre apoiadores de Jair Bolsonaro (PL). Ainda assim, esse apoio não parece ser suficiente para vencer a disputa. Nas simulações de segundo turno, o ex-coach perde Ricardo Nunes (MDB) e empata na margem de erro com Guilherme Boulos (Psol).

No cenário apresentado pela pesquisa, o atual prefeito derrotaria não só Marçal, mas também Boulos.

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A pesquisa Datafolha divulgada nesta quinta-feira (5) ouviu 1.204 pessoas na capital paulista. O levantamento tem margem de erro de três pontos para mais ou para menos e está registrado no TSE sob o número SP-03608/2024. A pesquisa foi contratada pela Folha de S. Paulo e pela TV Globo.

Vamos aos dados da pesquisa.

Primeiro sobre o eleitorado de Bolsonaro: o levantamento mostrou que na fatia do eleitorado paulistano que votou em Jair Bolsonaro (PL) no segundo turno em 2022, 48% preferem Marçal. Essa porcentagem vem aumentando desde agosto, quando o instituto divulgou duas pesquisas mostrando que eram 29%, no início do mês, e depois 44%, ao final.

Entre esse mesmo eleitorado bolsonarista, 31% dizem ficar com Nunes. Nas pesquisas anteriores eram, primeiro, 38% e depois 30%. O que indica uma queda dos 38% para casa dos 30%, 31%.

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O voto bolsonarista se tornou um dos pontos importantes da campanha para São Paulo, não só porque o ex-presidente teve um terço dos 9,3 milhões de votos na capital em 2022 (3,1 milhões), mas pelo domínio que esse grupo tem sobre as redes sociais - importante instrumento para divulgação de campanha e ataque a adversários. 

Agora, os dados de segundo turno. É a primeira vez que o instituto considera Marçal no segundo turno, por ter chegado ao topo da pesquisa anterior.

Intenção de voto estimulada em cenário de segundo turno em SP entre Marçal e Nunes:

Nunes - 53%

Marçal - 31%

Brancos/Nulo - 15%

Indeciso - 2%

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Intenção de voto estimulada em cenário de segundo turno em SP entre Boulos e Marçal:

Boulos - 45%

Marçal - 39%

Brancos/Nulo - 12%

Indeciso - 3%

Intenção de voto estimulada em cenário de segundo turno em SP entre Boulos e Nunes:

Nunes - 49%

Boulos - 37%

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Brancos/Nulo - 11%

Indeciso - 2%

Nesta semana, o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos), que assim como Bolsonaro está na coligação de Nunes, foi às propagandas do aliado emedebista disparar contra Marçal, dizendo que ele é uma “porta de entrada” para Boulos. A estratégia mira justamente no cenário de segundo turno, onde o prefeito vence Nunes bate Boulos e Marçal. O cenário repete os dois levantamentos anteriores, em que, em caso de uma disputa em segundo turno contra Boulos, o prefeito sairia vencedor.

Bolsonaro segue discreto na campanha à prefeitura. No próximo dia 7 de setembro, o ex-presidente fará uma manifestação contra o ministro Alexandre de Moraes. O objetivo é viabilizar politicamente o impeachment do magistrado. O ato será uma excelente oportunidade de vermos como Marçal e Nunes vão se comportar diante dessa pauta radical, se participarão e com que empenho. Considerando que Marçal se consolidou e cresceu no eleitorado bolsonarista, ele vai começar a atacar o STF, estratégia que tem evitado? E Nunes, que mesmo perdendo votos de bolsonaristas para Marçal vence no segundo turno, seguirá sem inflamar a base bolsonarista com pautas radicais e ultraconservadoras?

Fonte: Guilherme Mazieiro Guilherme Mazieiro é repórter e cobre política em Brasília (DF). Já trabalhou nas redações de O Estado de S. Paulo, EPTV/Globo Campinas, UOL e The Intercept Brasil. Formado em jornalismo na Puc-Campinas, com especialização em Gestão Pública e Governo na Unicamp. As opiniões do colunista não representam a visão do Terra. 
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