Em marcha com evangélicos, Bolsonaro diz ser contra o aborto e ideologia de gênero

Presidente discursa em evento em Manaus e defende pauta de costumes

28 mai 2022 - 20h32
(atualizado às 21h46)

BRASÍLIA - O presidente Jair Bolsonaro (PL) aproveitou a participação em mais uma Marcha para Jesus, dessa vez em Manaus (AM), para defender uma pauta de costumes. Em um breve discurso, o presidente afirmou ser contra o aborto, bem como contra os quem o defendem. "Temos um só Deus, um só senhor. Quem serve a dois senhores não é digno de nos representar. Somos contra a ideologia de gênero. Nós respeitamos as nossas crianças em sala de aula. Nós somos contra a liberação das drogas. Também somos contra a liberação de jogos de azar no Brasil", afirmou para uma plateia de evangélicos.

Presidente Jair Bolsonaro defendeu a pauta de costumes durante discurso para apoiadores na Marcha para Jesus de Manaus. 28 de maio de 2022. Foto: Alisson de Castro/Estadão

A Marcha para Jesus é organizada por diferentes igrejas no País e reúne principalmente evangélicos pentecostais e neopentecostais. As mais recentes pesquisas eleitorais mostram o público evangélico dividido nas eleições, com tendência de apoio maior a Bolsonaro, mas com índices menores da adesão de 2018.

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Na pesquisa Datafolha divulgada nesta semana, Bolsonaro tem 39% das intenções de voto entre os evangélicos para o primeiro turno da eleição, enquanto o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) aparece com 36%, em um empate técnico no limite da margem de erro, de dois pontos porcentuais.

Na semana passada, Bolsonaro participou da Marcha para Jesus em Curitiba (PR), onde disse que "só Deus" o tira da cadeira de presidente da República. Ontem, ele esteve em Goiânia na convenção nacional da Assembleia da Deus do Ministério Madureira, em outra articulação de aliança com caciques evangélicos. Também está prevista a participação do presidente na Marcha para Jesus em Cuiabá, no dia 18 de junho, em Balneário Camboriú (SC), no dia 25, e em São Paulo, a maior do País, em julho.

Sem citar o nome de Lula, Bolsonaro aproveitou seu discurso deste sábado para criticar o período em que o País foi governado pelo PT. "Sabemos o que o outro lado quer fazer e sabemos o que eles fizeram no passado. E não queremos retornar à época sombria onde imperava a corrupção, o desmando e o ataque à família brasileira."

Segundo o presidente, o Brasil e o mundo passam por momentos difíceis em razão da pandemia da covid-19 e também da guerra entre Rússia e Ucrânia. "Mas sabemos que esses momentos difíceis estão chegando ao final. Brevemente a questão material se regularizará no nosso País."

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Para analistas ouvidos pelo Estadão, a vantagem de 21 pontos de Lula em relação a Bolsonaro retratada na mais recente pesquisa Datafolha divulgada na quinta-feira, 26, é consequência direta da situação econômica do País, sobretudo, do aumento da inflação.

Zona Franca

Bolosonaro fez acenos aos amazonenses ao dizer que a Zona Franca de Manaus "jamais será atingida por esse governo" e defender a exploração de minérios na Amazônia.

"Ninguém tem o que vocês têm, vocês têm tudo para ser o Estado mais próspero do nosso Brasil. Deus nos deu riquezas minerais, biodiversidade, água em abundância e terras agricultáveis. Nós venceremos todos os obstáculos e transformaremos o Brasil melhor para todos", disse.

Antes do início do discurso, o público estava distante do palco e o presidente pegou o microfone do apresentador para "determinar" que as pessoas se aproximassem.

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A marcha teve início no centro de Manaus com participação de trios elétricos. Estavam na comitiva de Bolsonaro a primeira-dama Michelle Bolsonaro, o ex-ministro Walter Braga Netto, cotado para ser vice na chapa do presidente à reeleição, além do governador do Amazonas, Wilson Lima (União Brasil), e do prefeito de Manaus, David Almeida (Avante), entre outras autoridades. Colaborou Álisson Castro, especial para o Estadão

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