O quinto debate entre os candidatos à Prefeitura de São Paulo, que começou de forma morna devido às regras rígidas, escalou quando José Luiz Datena (PSDB) agrediu Pablo Marçal (PRTB) após um confronto entre os dois. A situação ficou tão tensa que a TV Cultura teve que interromper a transmissão ao vivo e acionar a segurança na noite neste domingo, 15. Também participaram do evento Guilherme Boulos (PSOL), Marina Helena (Novo), Ricardo Nunes (MDB) e Tabata Amaral (PSB).
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A agressão ocorreu durante o quarto bloco do debate, mas ainda na segunda rodada o clima entre os candidatos já havia esquentado, quando Pablo Marçal trouxe à tona uma acusação de assédio sexual contra José Luiz Datena, alegando que ele havia cometido um "estupro".
"Homem é homem, mulher é mulher, estuprador é... diferente, né?", afirmou, ao citar um trecho da música dos Racionais. "Você tocou na vagina dela?", questionou Marçal em seguida. Na ocasião, Datena respondeu de forma calma, esclarecendo que a acusação foi retirada e que a pessoa responsável foi responsabilizada. Além disso, o apresentador contra-atacou Marçal, chamando-o de "ladrãozinho de banco".
No quarto bloco, a agressão ocorreu após Pablo Marçal questionar Datena sobre quando ele cessaria a "palhaçada" e abandonaria a candidatura. O influenciador perguntou diretamente: "A gente quer saber que horas você vai parar, já abandonou entrevista chorando. Você que é um cara que só fala quando tem uma televisãozinha escrevendo ali. Que horas o Datena vai parar com essa palhaçada que ele tá fazendo aqui?"
Datena respondeu afirmando que Marçal estava fazendo acusações e calúnias. O apresentador então chamou Marçal de "bandidinho".
Na réplica, o candidato do PRTB acusou Datena de não saber o que estava fazendo e o chamou de "arregão". Ele também mencionou que o apresentador teria desejado agredi-lo durante o debate da TV Gazeta em 1º de setembro, mas afirmou que o candidato do PSDB "não é homem nem para fazer isso".
Quando provocado, Datena partiu para cima do adversário com uma cadeira. O moderador do debate, Leão Serva, interrompeu a transmissão para um intervalo comercial e, ao retornar, anunciou a expulsão de Datena do evento devido à agressão física. Segundo Serva, Marçal deixou o debate para buscar atendimento médico.
Como foi o decorrer do debate?
Marçal, que foi proibido de usar boné devido às regras que vetam adereços de propaganda, já começou o debate fazendo o símbolo "M" com os dedos durante sua apresentação. No entanto, com regras mais rigídas, o primeiro bloco reduziu o confronto entre os candidatos, com as perguntas feitas diretamente pelo mediador Leão Serva, baseadas em temas sorteados, sem possibilidade de réplicas ou comentários entre os concorrentes.
Tabata Amaral apresentou suas propostas para habitação, enquanto Datena, ao abordar mobilidade, aproveitou para criticar a gestão de Ricardo Nunes. Marina Helena discutiu segurança pública, prometendo fortalecer a Guarda Civil Municipal. Boulos destacou seus planos para educação, com a promessa de expandir o ensino integral.
Ricardo Nunes evitou responder diretamente à pergunta sobre a suspensão do serviço de aborto no hospital de Vila Nova Cachoeirinha, concentrando-se apenas em suas propostas para a saúde. Já Pablo Marçal foi questionado sobre suas ações voltadas ao meio ambiente e, ao ser criticado por quebrar as regras do debate, respondeu apontando que Datena e Nunes também desviavam das questões.
Já no segundo bloco, além da troca de acusações entre Datena e Marçal, também houve embate entre Nunes e Boulos. O atual prefeito questionou o candidato do PSOL sobre o "busão da maconha e do crack". Quando foi a vez de Boulos fazer perguntas, ele usou uma mensagem indireta para atacar Nunes, questionando Tabata Amaral sobre a violência contra mulheres. Neste momento, Boulos observou que não há a patrulha Maria da Penha em Interlagos, bairro onde reside Nunes, fazendo referência indireta a uma antiga acusação de agressão feita pela esposa dele, Regina Carnovale.
Além disso, pela primeira vez Marina Helena rompeu a parceria que havia formado com Marçal em debates anteriores. Marçal tentou repetir a estratégia, usando Marina como apoio para atacar o prefeito Ricardo Nunes e Datena, em vez de seguir as regras do debate e direcionar a pergunta diretamente à candidata. A candidata do Novo reagiu, afirmando que Marçal estava sendo desrespeitoso, e o pressionou a se posicionar sobre o movimento pelo impeachment do ministro do Supremo Tribunal Federal Alexandre de Moraes.
Mais uma vez sem confrontos diretos, o terceiro bloco do debate manteve um tom morno, com poucos ataques entre os candidatos. Nunes intensificou suas críticas a Guilherme Boulos, acusando-o de apoiar a legalização das drogas, e rebateu Pablo Marçal ao afirmar que ele é condenado e ainda sim tenta associá-lo ao PCC. Em resposta, Boulos criticou Nunes por não apresentar propostas concretas para a redução da população em situação de rua. Nunes também atacou Leonardo Avalanche, presidente do PRTB (partido de Marçal), por suposto envolvimento com o crime organizado e ironizou o slogan de Marçal, chamando-o de "mentiroso".
No quarto bloco, após a agressão a Marçal, Boulos foi o primeiro a lamentar o ocorrido. A partir desse momento, os confrontos se concentraram principalmente entre Nunes e Boulos, que estão na liderança das pesquisas. Com a saída de Marçal, Nunes direcionou uma pergunta provocativa a Boulos, questionando: “Você cheirou?”, após o candidato do PSOL questioná-lo sobre o tema da “máfia das creches”
Tabata Amaral utilizou a situação para destacar a sub-representação das mulheres na política, chamando a postura masculina no debate de "revoltante". Ela agradeceu a Marina Helena por ter mantido o nível do debate e respondido de forma focada sobre propostas para adaptação climática.