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Guerra Fria: um resumo para entender as referências em Stranger Things

Além de cair com frequência no vestibular, a Guerra Fria ainda tem influência em disputas políticas atuais, como o conflito da Rússia na Ucrânia

1 jul 2022 - 18h33

Os dois aguardados capítulos finais da quarta temporada de Stranger Things chegaram à Netflix nesta sexta-feira (1°). Para além do entretenimento, a nova temporada tem como pano de fundo um evento importante para os estudantes que se preparam para o vestibular: a Guerra Fria. Fique tranquilo: este texto não tem spoilers, por aqui vamos tratar principalmente do contexto histórico da série.

Foto: Netflix/Reprodução / Guia do Estudante

Os episódios são ambientados na década de 1980, quando Estados Unidos (capitalista) e a União Soviética (socialista) travavam um conflito de influência pela hegemonia mundial após a Segunda Guerra. A disputa ficou conhecida como Guerra Fria. Nesta época, as produções americanas traziam uma forte propaganda anticomunista.

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Seguindo essa lógica - já que também se passa nesse período histórico - Stranger Things, um dos maiores sucesso da Netflix, também faz referências à União Soviética como vilã e, em nas diferentes temporadas, personagens associam os comunistas a indivíduos perversos, vistos como inimigos. Um exemplo dessa visão aparece na primeira parte da temporada, que estreou em maio, quando o público reencontrou o xerife Hopper, personagem de David Harbour, preso em um campo de concentração no extremo leste da Rússia.

Apesar das alusões ao período de polarização, a discussão política ou ideológica não é o ponto central da série. Com um elenco de jovens talentos, misturando fantasia e terror, a produção foca em contar a história de um grupo de amigos que se envolvem em uma série de eventos sobrenaturais na pacata cidade de Hawkins. Nessa jornada, eles acabam enfrentando criaturas monstruosas, agências secretas do governo e até se aventuram em dimensões paralelas.

Ainda assim, vale aproveitar a nova temporada de Stranger Things para um mergulho na História. Afinal, revisar a Guerra Fria é sempre bom em ano de vestibular e, de quebra, ainda pode te fazer enxergar a série com outros olhos - desvendando, quem sabe, referências que você nem tinha notado que estavam ali.

No fim da terceira temporada, Jim Hopper sobrevive à explosão no laboratório, mas é preso por soldados russos.
Foto: Netflix/Divulgação / Guia do Estudante

O que foi a Guerra Fria

A polarização do mundo entre os dois maiores vencedores da Segunda Guerra Mundial começou logo após o fim do conflito. Os EUA garantiram sua hegemonia sobre o oeste da Europa por meio do Plano Marshall, de 1948. A URSS projetou-se sobre o Leste Europeu, estimulando a instalação do socialismo nos países que havia libertado do jugo nazista. Na visão ocidental, ao estabelecerem tais regimes autoritários e isolados, os soviéticos penduraram no meio do continente uma "cortina de ferro".

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A expressão aparece em uma das cenas da primeira parte da quarta temporada, por exemplo, quando a personagem Joyce Byers ( Winona Ryder) e Murray Bauman ( Brett Gelman) estão em um avião rumo à Rússia, para resgatar o o xerife Hopper. O piloto sinaliza que um determinado momento do trajeto eles estariam ultrapassando a "cortina de ferro".

Em nenhum lugar da Europa a divisão foi tão visível quanto na Alemanha. Em 1949, o país foi dividido em dois: as zonas de ocupação francesa, britânica e norte-americana integraram a  República Federal da Alemanha (RFA ou  Alemanha Ocidental), capitalista; já a zona soviética originou a  República Democrática Alemã (RDA ou  Alemanha Oriental), socialista. A capital, Berlim, que ficava na RDA, seguiu dividida nas quatro áreas de ocupação. Em 1961, para tentar impedir o fluxo de refugiados para a parte capitalista da cidade, o governo socialista ergueu o  Muro de Berlim, isolando o lado oeste da capital.

As duas potências tinham armamente poderoso, e um conflito entre elas poderia destruir o mundo. Foi essa condição que deu origem à expressão Guerra Fria. Afinal, norte-americanos e soviéticos viviam em clima beligerante, mas não existia um confronto direto.

Conflitos indiretos, porém, houve vários. No Terceiro Mundo - como eram chamados na época os países em desenvolvimento -, as forças locais adversárias envolvidas em guerras civis e em movimentos anticoloniais acabavam se alinhando às superpotências, em busca de apoio. E aí a Guerra Fria esquentava. O primeiro grande confronto desse tipo foi a Guerra da Coreia (1950-1953), iniciada por causa da invasão da Coreia do Sul, capitalista, pela Coreia do Norte, socialista. Outros importantes conflitos que opuseram os dois blocos foram a  Guerra do Vietnã, a  Revolução Cubana, a Guerra Civil em Angola (1961-2002) e a Revolução Sandinista, na Nicarágua (1979).

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O momento mais tenso entre as duas potências foi a crise dos mísseis. Em 1962, a URSS instalou secretamente ogivas nucleares em Cuba. Os EUA descobriram, e o presidente John Kennedy ordenou um bloqueio naval à ilha. Moscou enviou uma frota para um confronto, mas o líder soviético Nikita Kruschev cedeu e retirou os mísseis.

A Guerra Fria foi amenizada em 1973, quando as superpotências concordaram em desacelerar a corrida armamentista, por meio da  Política da Détente. Porém, o acordo duraria apenas até a invasão soviética no Afeganistão, em 1979. O conflito global só esmoreceu, de fato, a partir de 1985, com a subida ao poder do líder soviético Mikhail Gorbatchov. Em 1991, a dissolução da União Soviética pôs fim definitivo ao conflito, mas as marcas dele se arrastam até hoje.

Atualidades: o que tem de Guerra Fria na Guerra da Ucrânia

Segundo o governo russo, uma das principais motivações para invadir a Ucrânia em fevereiro deste ano foi a aproximação do país com Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte). Vale lembrar que a Ucrânia fez parte do domínio da URSS no período, e a Rússia nutre interesses geopolíticos e econômicos por ela até hoje.

Já a Otan, aliança liderada pelo Estados Unidos, surgiu em 1949, justamente no contexto da Guerra Fria. A finalidade da organização militar lutar contra a expansão do comunismo e retaliar qualquer ataque soviético contra seus países-membros.

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Mesmo após o desfecho do conflito, marcado pela dissolução da URSS em 1991, a Otan permaneceu como instituição internacional e começou um projeto de expansão. Países Bálticos como Lituânia e Estônia entraram para a Otan. Na Guerra Fria, essas nações faziam parte do Pacto de Varsóvia, que foi uma resposta da URSS à Otan, em 1955. O Pacto era apoiado por países do bloco socialista e criado nos mesmos moldes da rival.

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