A Redação do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), que será aplicada no domingo, 9, vale até 1.000 pontos. Por isso, passa por uma avaliação minuciosa, e erros podem impactar pontos preciosos na nota final da prova.
Veja dicas de professores ouvidos pelo Estadão, que explicam quais são os erros mais frequentes e como evitá-los para garantir um bom desempenho na Redação.
Fugir do tema e incoerência no texto estão entre os maiores vilões
De acordo com Milton Pignatari, coordenador de processos seletivos da Universidade Presbiteriana Mackenzie, em São Paulo, um dos problemas mais graves é o candidato se distanciar da proposta da redação. Segundo ele, muitos estudantes tentam "forçar" repertórios decorados, como citar autores e conceitos fora de contexto, apenas para demonstrar conhecimento.
"Isso pode derrubar a nota. Quando o candidato insere teorias que não têm relação com o tema, como uma citação de Paulo Freire em uma redação sobre tecnologia, por exemplo, o corretor percebe e desconta", afirma.
A falta de coesão e coerência também pesa. Frases muito longas, sem pontuação adequada, comprometem a clareza do texto.
"Alguns alunos querem parecer mais sofisticados, mas acabam construindo blocos de frases enormes, cheios de repetições e sem sentido. A ideia se perde, e o texto fica confuso", aponta Pignatari.
Domínio da norma culta ainda é um desafio
A professora de Língua Portuguesa e Literatura Patricia da Costa Madeira Lara, que leciona no Mackenzie Tamboré, em Barueri, reforça que os desvios gramaticais continuam entre os erros mais comuns e mais penalizados. Ela lembra ainda que o Enem avalia a redação com base em cinco competências, cada uma valendo 200 pontos, que vão desde o domínio da norma padrão até a proposta de intervenção social.
"Elementos de coesão, coerência e adequação à norma culta são fundamentais. Termos coloquiais, gírias e erros de concordância tiram pontos preciosos. O aluno precisa treinar a escrita considerando ainda os critérios de avaliação, porque o corretor segue exatamente essa estrutura na hora de dar a nota", afirma.
Falta de prática e desorganização da estrutura também pesam
A corretora do Redação Online, Caroline Zanoni, de Florianópolis, em Santa Catarina, ressalta que a maior falha ainda é a falta de prática. Ela observa que muitos estudantes dominam o conteúdo teórico, mas não conseguem transformar isso em texto.
"Não existe fórmula mágica para escrever bem. É prática constante. Quanto mais o aluno escreve, mais ele percebe seus erros e melhora sua argumentação. Eles sabem o que é tese, argumentação e conclusão, mas, na hora de aplicar, se perdem. A estrutura da redação precisa ser lógica e equilibrada: introdução, desenvolvimento e conclusão devem se conectar", destaca.
Leitura é base para uma boa escrita
Para a também corretora do Redação Online, Gabriele Amorim, o principal erro começa antes mesmo de escrever: a falta de leitura. As questões no Enem são comumente extensas, e ela recomenda que, na reta final, os candidatos pratiquem a leitura de assuntos gerais que podem contribuir para a interpretação e para o próprio vocabulário da redação.
"Sem leitura, o aluno não amplia o vocabulário nem o repertório sociocultural. E isso reflete diretamente na redação. A leitura é o combustível da escrita. Praticar a leitura antes de provas de vestibular ajuda na escrita e também fortalece o olhar crítico, essencial para desenvolver uma boa tese", completa.
Conforme Gabriele, entre os deslizes mais graves, que reduzem a nota e podem levar à nota zero, estão fugir completamente do tema, copiar trechos da prova, desrespeitar os direitos humanos e entregar textos muito curtos.