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Chegou a hora do novo ensino médio, com seus itinerários formativos

A partir de 2022, todos os alunos do 1.º ano do ensino médio têm de escolher entre trajetórias por áreas do conhecimento

28 out 2021 - 05h11

Começou a contagem regressiva para o novo ensino médio. A partir de 2022, todos os alunos do 1.º ano deverão ter uma formação alinhada com a Base Nacional Comum Curricular (BNCC), com itinerários formativos que contemplem áreas de conhecimento e formação técnica e profissional.

Um ponto-chave para a implementação dos eixos de formação é a expansão da carga horária, que deve passar de 2,4 mil horas para 3 mil horas no total, nos três anos. Para isso, as escolas irão definir entre estabelecer atividades em contraturno ou adotar o período integral. Os colégios que optam pelo primeiro formato tendem a concentrar o currículo obrigatório no turno regular e matérias interdisciplinares e disciplinas eletivas no contraturno. Já as que ofertam ensino de tempo integral costumam distribuir, ao longo do dia, disciplinas e atividades.

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Um outro ponto que as distingue é a obrigatoriedade da presença. No caso das escolas de tempo integral, espera-se que o estudante esteja todos os dias durante o período estendido. Já nas escolas que adotam o contraturno, dois ou três dias costumam ser opcionais. Esse último é o cenário mais comum na rede privada.

Na Escola Móbile, por exemplo, o currículo obrigatório é aplicado no turno regular, na parte da manhã, entre as 7h15 e as 11h50. Matérias interdisciplinares e disciplinas eletivas ocorrem das 11h55 às 12h55, e no contraturno, em dois dias da semana, das 14h20 às 17h40. Nos outros três dias, a presença é facultativa. "Optamos por não deixar todas as eletivas para o período da tarde, justamente para os alunos perceberem que são de grande importância e com o mesmo peso", explica Wilton Ormundo, diretor geral pedagógico da escola.

Ao lado de História, Matemática, Filosofia e outras matérias do núcleo comum, os alunos podem cursar Engenhocas, Narrativas Digitais, Práticas Esportivas, Corpo em Movimento, Conexões Musicais e outras que compõem um cardápio de 50 eletivas.

Além dos dois dias obrigatórios, as atividades de contraturnos são oferecidas de forma opcional nos outros três, durante os quais os alunos podem se envolver em projetos. Há opções como estudos do meio, gincanas de conhecimento, montagens teatrais, debates com cientistas e artistas, e construções de maquetes ou protótipos. Às sextas-feiras ocorre uma agenda cultural, com debates, teatros e outras atividades relacionadas. As atividades são voltadas ao desenvolvimento de competências socioemocionais como persistência, responsabilidade, extroversão, cooperação e abertura a novas experiências.

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"Quando um adolescente ingressa nos três últimos anos da educação básica, está na etapa que antecede o mundo adulto, o que significa que o ensino médio é muito mais do que preparação para a universidade. É essencial desenvolver a autonomia dos alunos, que podem fazer suas experimentações e escolhas. O ensino médio deve ser plural", diz Ormundo.

Ensino médio em tempo integral nas escolas privadas é mais facilmente encontrado nas escolas internacionais, como a italiana Eugenio Montale. A partir de 2022, o colégio organizará uma composição curricular com duas opções de itinerário formativo: Língua Espanhola e Economia - alinhadas, respectivamente, aos itinerários de Linguagens e Matemática da BNCC.

"Trabalhamos as disciplinas como um meio para alcançar habilidades. O novo médio vem de acordo com isso. Queremos formar alunos protagonistas, com melhor base para a escolha de carreiras", diz Vanessa Squassoni, diretora pedagógica brasileira da escola.

Ensino integral ganha força na rede público

Na rede pública, a oferta dos itinerários de formação impulsionou a expansão do ensino médio de tempo integral. A partir de 2022, em todo o Estado de São Paulo, o ensino médio integral será aplicado em 1.570 escolas, o que representa um aumento de 84% em relação às 855 unidades que atualmente contam com o formato. A expectativa é de que 404 mil dos 1,5 milhão de estudantes matriculados no médio sejam contemplados.

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"O Programa Ensino Integral vem como resposta às novas demandas do médio e tem como histórico resultados importantes na aprendizagem. Quando observamos o Índice de Desenvolvimento da Educação Básica, as 33 escolas de médio estaduais melhor colocadas são no modelo de ensino integral", afirma Bruna Waitman, coordenadora do Centro de Mídias da Secretaria da Educação do Estado de São Paulo.

O modelo conta com três componentes: disciplinas eletivas, projeto de vida e tecnologia. As matérias eletivas são escolhidas a cada semestre e abordam tópicos como empreendedorismo, educação financeira e economia criativa. O projeto de vida envolve atividades e oficinas nas quais os estudantes aprendem a gerir o próprio tempo, estabelecem compromissos com a comunidade e refletem sobre perspectivas para o futuro.

Já em tecnologia há a criação de projetos envolvendo mídias digitais, robótica, programação e cidadania digital. Nas propostas pedagógicas, há práticas como tutoria, nivelamento, protagonismo juvenil com clubes e líderes de turma, além de componentes curriculares como orientação de estudos e práticas experimentais.

A Secretaria de Estado da Educação de São Paulo espera contemplar já em 2022 a meta 6 do Plano Nacional de Educação (PNE) que define mínimo de 25% dos alunos de educação básica em jornadas de mais de 7 horas diárias até 2024. "O ensino integral tem um papel importante para responder aos déficits causados pela pandemia, oferecendo mais tempo e uma metodologia robusta de estudos."

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