Dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) indicaram que, em 2021, a doença afetava 1 em cada 10 adultos, sendo que o Diabetes Tipo 2 correspondia a mais de 90% desses casos. Projeções indicam um aumento de 46% na prevalência global até 2045, o que intensifica os desafios para a saúde pública mundial, muitas vezes ligados ao desconhecimento sobre o consumo e as quantidades de alimentos ingeridos pelos indivíduos.
No Brasil, o impacto da doença é perceptível no Ambulatório de Cardiometabolismo do Instituto Dante Pazzanese de Cardiologia (IDPC), que realiza mais de 6 mil consultas anuais. Uma análise dos pacientes acompanhados revelou que 72% deles têm diagnóstico de Diabetes Tipo 2. A maioria desses pacientes é composta por mulheres acima dos 40 anos.
O crescimento da doença está diretamente associado a hábitos de vida contemporâneos, como o excesso de peso corporal, o sedentarismo, o consumo elevado de alimentos processados e ultraprocessados e o estresse. Além disso, o diabetes raramente se manifesta de forma isolada: aproximadamente 87% dos pacientes do ambulatório também apresentam hipertensão, 90% têm colesterol acima dos níveis ideais, 50% são portadores de doença arterial coronária e 18% já desenvolveram doença renal crônica.
A Dra. Rafaela Penalva, chefe da Seção de Cardiometabolismo do IDPC, enfatiza que o acompanhamento dos pacientes precisa ir além do controle glicêmico. Ela salienta que o diabetes é uma condição que afeta múltiplos sistemas orgânicos, exigindo um acompanhamento global com o objetivo de prevenir complicações que comprometem a qualidade de vida e elevam o risco cardiovascular.
Para efetivar essa abordagem, o ambulatório opera com uma equipe multidisciplinar que inclui endocrinologistas, cardiologistas, nutricionistas, enfermeiros e oftalmologistas. O serviço também dispõe do Programa AGIR (Acompanhamento Glicêmico Intensivo e Reeducação em Diabetes), um suporte especializado para usuários de insulina com necessidade de suporte ampliado. A médica reforça que o foco é o paciente de forma integral, tratando o diabetes e as condições associadas, e que a educação em saúde, a adesão ao tratamento e o acompanhamento contínuo são determinantes para o futuro dos indivíduos.
A Dra. Rafaela Penalva observa que a adesão ao tratamento e a reeducação alimentar continuam sendo desafios significativos. Segundo ela, a dieta do brasileiro é caracterizada pela presença de ultraprocessados, que são ricos em açúcar, sódio e gorduras. Ela indica a necessidade de maior controle e de campanhas educativas que incentivem escolhas mais saudáveis. Outro fator mencionado é o estilo de vida contemporâneo, marcado pelo ambiente digital, que contribui para o sedentarismo e o ganho de peso. O aumento do estresse também é considerado um fator de risco que contribui para o aumento do risco cardiovascular dos pacientes.
O Diabetes Tipo 1 é classificado como uma condição autoimune, na qual o organismo interrompe a produção de insulina, requerendo o uso imediato dessa substância a partir do diagnóstico. Já o Diabetes Tipo 2 está associado à resistência à insulina e é fortemente influenciado por fatores como idade avançada, obesidade, alimentação inadequada e sedentarismo. O tratamento para o Tipo 2 pode envolver mudanças no estilo de vida, o uso de medicamentos orais e, em alguns casos, a utilização de insulina.