Secretário cita valor do Bolsa Família ao falar em 'auxílio emergencial de transição'

Solução seria uma forma de conseguir estender a duração do benefício; possibilidade já havia sido levantada anteriormente por Paulo Guedes

21 mai 2020 - 18h19

BRASÍLIA - O secretário especial de Fazenda do Ministério da Economia, Waldery Rodrigues, confirmou hoje que o governo estuda uma "solução intermediária" para estender a duração do auxílio emergencial a trabalhadores informais para além do prazo atual de três meses.

A possibilidade já havia sido levantada pelo ministro da Economia, Paulo Guedes, em reuniões com empresários.

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'Chegaremos a uma solução intermediária, não com o mesmo perfil de hoje', disse Waldery Rodrigues.
'Chegaremos a uma solução intermediária, não com o mesmo perfil de hoje', disse Waldery Rodrigues.
Foto: Fábio Rodigues Pozzebom/Agência Brasil / Estadão

"O ministro Paulo Guedes já colocou as diretrizes para termos, de um lado, a manutenção do atendimento aos mais vulneráveis, e de outro, um olhar diligente e cauteloso com relação à questão fiscal. Chegaremos a uma solução intermediária, não com o mesmo perfil de hoje, e uma possibilidade referêncial é exatamente o valor trazido pelo Bolsa Família", disse Waldery em coletiva no Palácio do Planalto.

O valor médio do Bolsa Família era de R$ 191,86 em março de 2020, mês antes do início do pagamento do auxílio emergencial. Entre as possibilidades aventadas pelo governo está a redução do valor para R$ 200 para viabilizar um pagamento por maior tempo.

A transição para um valor menor é necessária porque o custo atual do programa é considerado insustentável pela equipe econômica. Segundo Waldery, o gasto com o auxílio durante os três meses iniciais vai se aproximar hoje de um gasto de aproximadamente R$ 151,5 bilhões.

"Nós começamos com um número de R$ 98 bilhões, mas em função da cobertura, da elegibilidade, da legitimidade dos brasileiros, o número chega a esse valor. Como são três parcelas, dá uma média de R$ 51,5 bilhões por mês", disse o secretário, ressaltando que essa cifra é mais que um ano inteiro de Bolsa Família, cujo custo é próximo dos R$ 30 bilhões.

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"Nesse momento de pandemia, em que há alta imprevisibilidade de quando será seu término, estamos atentos para que auxílio emergencial siga, mas siga de forma adequada para cada momento, atendendo àqueles mais vulneráveis, mas respeitando também as restrições fiscais que temos", afirmou Waldery.

O secretário-executivo do Ministério da Economia, Marcelo Guaranys, disse que a equipe econômica vai monitorar a crise para verificar a necessidade e possibilidade de prorrogar qualquer programa lançado pela pasta no combate à crise da covid-19.

Ele disse ainda que o banco de dados formado a partir do cadastro dos "invisíveis", trabalhadores informais que não estavam nos programas sociais do governo, será importante para a formulação de futuras políticas. Ele defendeu uma revisão de atuais benefícios para viabilizar novos programas mais eficientes.

"Já temos muitos gastos no nosso País", disse Guaranys. "É importante rever benefícios que população já tem", afirmou.

Como mostrou o Estadão/Broadcast, a equipe econômica quer atrelar o debate sobre o auxílio emergencial a uma revisão de gastos sociais considerados ineficientes. Na mira dos técnicos, estão gastos como abono salarial, seguro-defeso (pago a pescadores artesanais no período de reprodução dos peixes, quando a pesca é proibida) e farmácia popular.

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