Diversidade genética dos italianos remonta à Era do Gelo

Estudo foi feito por pesquisadores da Universidade de Bolonha

27 mai 2020 - 19h19
(atualizado às 20h22)

A diversidade genética dos italianos, considerada a mais variada da Europa, teve origem na Era do Gelo, cerca de 19 mil anos atrás, o que seria muito antes do que se pensava anteriormente, informaram os pesquisadores da Universidade de Bolonha, em um artigo na revista Bmc Biology.

Estudo foi feito por pesquisadores da Universidade de Bolonha
Estudo foi feito por pesquisadores da Universidade de Bolonha
Foto: Ansa / Ansa - Brasil

De acordo com o estudo liderado pelo italiano Marco Sazzini, em pequena escala, o material reproduz as diferenças genéticas entre a Europa continental e meridional. Essas peculiaridades, que caracterizam os italianos do norte e do sul de hoje, são o resultado de migrações, mas também da adaptação evolutiva aos diferentes ambientes e climas, que impactaram a saúde melhorando algumas funções biológicas do organismo.

Publicidade

"No sul da Itália, houve uma adaptação à maior incidência de raios ultravioleta. Os genes que regulam a pigmentação da pele como proteção influenciaram a menor suscetibilidade a câncer de pele, mais comum no norte", explica à ANSA Sazzini.

Já na região norte, houve uma adaptação mais metabólica, que "pode ter favorecido uma menor suscetibilidade a doenças como diabetes e obesidade".

Para alcançar esses resultados, os cientistas sequenciaram o genoma de 40 pessoas, uma representação da variabilidade biológica da população italiana, trazendo à tona mais de 17 milhões de variações genéticas. A pesquisa comparou esses dados com as variantes genéticas de outras 35 populações europeias e do Mediterrâneo, e com as de cerca de 600 fósseis humanos de 40 mil a 4 mil anos atrás.

"Os italianos do norte e do sul começaram a se diferenciar geneticamente há cerca de 19 mil anos, após o último pico da glaciação, portanto antes das migrações do Neolítico e da Idade do Bronze, que se pensava ter influenciado mais", acrescentou Sazzini.

Publicidade

Segundo os estudiosos, com o aumento das temperaturas da geleira, alguns grupos que durante a glaciação haviam se mudado mais para o centro em regiões de 'refúgio', com clima menos rígido, morando perto dos italianos do sul, foram para o norte e depois se afastaram isolando-se progressivamente aos habitantes do sul, dando início a diferenciação.

"Outro fato interessante é que as diferenças entre as populações do norte e do sul da Europa quantitativamente são as mesmas que observamos entre o norte e o sul da Itália. A Itália é, portanto, um bom modelo para entender o que aconteceu na Europa", finalizou o pesquisador.

  
TAGS
Fique por dentro das principais notícias
Ativar notificações