Vídeo de traficante arrependido ao ser cercado pelo Bope foi gerado por IA

PUBLICAÇÕES VIRAIS COMPARTILHAM GRAVAÇÃO CRIADA DIGITALMENTE SOBRE MEGAOPERAÇÃO NO RIO DE JANEIRO

3 nov 2025 - 13h26

O que estão compartilhando: vídeo que um traficante teria gravado antes de morrer na megaoperação do Rio de Janeiro. O homem diz que está "arrependido" do crime e que o Batalhão de Operações Policiais Especiais (Bope) estava cercando o local.

O Estadão Verifica checou e concluiu que: é falso. A gravação foi gerada com inteligência artificial (IA). A partir de uma avaliação no áudio e no vídeo, ferramentas de detecção identificaram 99% de probabilidade do conteúdo ter sido criado digitalmente. Não foram localizados registros na imprensa profissional de vídeos semelhantes.

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Saiba mais: O vídeo viral acumulou mais de 8,8 milhões de visualizações no TikTok e também foi compartilhado por contas no X e no Instagram. Apesar de usuários citarem que o conteúdo era gerado por IA, comentários acreditam na gravação e afirmam que o homem estava "desesperado vendo o Bope".

O Verifica submeteu o conteúdo na ferramenta Hive Moderation, que analisa imagem e áudio de vídeos para detectar geração digital. A partir de uma estimativa agregada, o site apontou 99,7% de chance da filmagem ter sido criada com inteligência artificial.

É possível identificar pequenos detalhes que acusam a falsidade do vídeo. Há uma inconsistência entre o cabelo e o fundo da gravação. Também há uma corrente no pescoço do indivíduo que some durante a filmagem.

Operação Contenção

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As publicações circularam após a megaoperação que ocorreu na última terça-feira, 28, na zona norte do Rio de Janeiro. Ao todo, 121 pessoas foram mortas na ofensiva policial, considerada a mais letal da história do Brasil.

A Polícia Civil do Estado informou que 97 dos indivíduos tinham "histórico criminal relevantes", sendo 59 com mandados de prisão pendentes. Outros 17 "não apresentavam histórico criminal", mas 12 tinham "indícios de participação no tráfico em suas redes sociais".

Apesar disso, nenhum dos mortos identificados até a sexta-feira, 31, constava da denúncia do Ministério Público do Rio de Janeiro que embasou a operação. Um dos acusados pelo MP, Edgard Alves de Andrade, o Doca, considerado um dos principais líderes do Comando Vermelho, não foi preso.

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Como lidar com posts do tipo: O uso de inteligência artificial se tornou comum para gerar imagens falsas em situações de crise. Antes de acreditar, procure por inconsistências nas imagens ou use ferramentas de detecção de IA para analisar as postagens. Sobre a operação no Rio, o Verifica já checou que é falso que Flavio Dino tenha defendido 'desmilitarização' da Polícia após megaoperação e que post compartilha fotos antigas como se fossem registros da megaoperação contra o Comando Vermelho.

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