Aviso para recall de camarão foi feito nos Estados Unidos, não no Brasil

CASO OCORREU EM JULHO E AINDA ESTÁ EM INVESTIGAÇÃO; NÃO HÁ REGISTROS DE DETERMINAÇÃO PARA RECOLHIMENTO NO BRASIL PELA ANVISA

9 out 2025 - 15h56

O que estão compartilhando: que a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) teria anunciado um recall de 71 toneladas de camarão comercializadas em todo o Brasil em duas grandes redes de supermercados. O camarão estaria contaminado com substância radioativa.

O Estadão Verifica investigou e concluiu que: é enganoso. Foi a Administração de Alimentos e Medicamentos dos Estados Unidos (FDA, na sigla em inglês) que pediu o recolhimento de três lotes de camarões vendidos em supermercados do país da América do Norte por suspeita de contaminação com césio-137, em julho deste ano. A Anvisa não fez essa determinação no Brasil.

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Saiba mais: O vídeo investigado viralizou no TikTok e tem mais de 200 mil visualizações. A narração usa inteligência artificial e imagens genéricas de pacotes de camarão congelados, do alimento já preparado e de pessoas comendo camarão.

De acordo com o vídeo, a Anvisa teria encontrado uma substância radioativa nos produtos. A substância não é citada, mas há um tom alarmante. O vídeo afirma que muitas pessoas teriam consumido os camarões contaminados em todo o País e que eles teriam sido vendidos nas redes de supermercados Carrefour e Pão de Açúcar, o que é falso.

O perfil responsável pela publicação foi procurado, mas não respondeu até a publicação deste texto.

Caso aconteceu nos EUA, não no Brasil

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O recolhimento de camarões potencialmente contaminados foi noticiado em agosto deste ano nos Estados Unidos. Segundo a FDA, foram encontrados indícios de contaminação com césio-137 em contêineres de transporte e em uma amostra de camarão empanado processado pela BMS Foods, da Indonésia.

Após a constatação, o órgão federal dos Estados Unidos mandou recolher três lotes de camarões congelados da marca Great Value vendidos nos supermercados da rede Walmart de 13 estados norte-americanos. A FDA também recomendou que clientes que tenham comprado camarões crus ou congelados daqueles lotes específicos os jogassem fora.

O especialista em segurança alimentar da Universidade Rutgers Donald Schaffner disse que o risco associado a esses camarões é muito baixo. O nível de césio-137 encontrado nos produtos estava bem abaixo dos valores limite estabelecidos pela FDA.

O isótopo césio-137 está amplamente presente na natureza, inclusive nos alimentos, em que é utilizado para esterilização, por exemplo. O nível mais alto permitido pela FDA em alimentos é de 1.200 Bq/kg, enquanto o valor encontrado na amostra foi de 68 Bq/kg. Mas o órgão optou por evitar os produtos contaminados porque, mesmo em baixa quantidade, a exposição à radiação ao longo do tempo pode causar problemas de saúde.

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"O principal efeito preocupante para a saúde após exposição prolongada e repetida a baixas doses (por exemplo, através do consumo prolongado de alimentos ou água contaminados) é o aumento do risco de câncer, resultante de danos ao DNA das células vivas do corpo", informou a FDA, em nota.

Até 25 de setembro, outros recolhimentos do mesmo produto foram feitos por empresas que entraram em contato diretamente com seus clientes.

Não há registro de recall pela Anvisa

O Verifica consultou os alertas da Anvisa e não encontrou nenhuma determinação para recall de camarões. A agência de regulação brasileira foi procurada e respondeu que não localizou nenhum dossiê para recolhimento desse alimento.

Já as duas redes de supermercados mencionadas no vídeo viral, Carrefour e Pão de Açúcar, negaram ter havido recall de camarões como o citado no vídeo. O Carrefour disse que a informação "não procede", enquanto o Pão de Açúcar afirmou que não houve nenhuma notificação da Anvisa ou ação de recall de camarões.

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"Não procede a informação publicada nas redes sociais. O Pão de Açúcar reforça seu compromisso em oferecer os melhores produtos para seus clientes, seguindo rígidas regras de qualidade e segurança alimentar, bem como em conformidade com a legislação vigente", diz a nota.

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