BRASÍLIA - O senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) chamou de "ato isolado" a afirmação de que sua pré-candidatura à Presidência da República tem um preço para ser retirada e diz que vai trabalhar para convencer outras lideranças da direita de que seu nome é o mais viável para derrotar o PT nas eleições de 2026.
A declaração foi dada nesta terça-feira, 9, na saída de sua visita ao pai, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), que está preso na Superintendência da Polícia Federal em Brasília.
"Foi um ato isolado aquilo que eu falei. (Eu quis dizer que) meu preço é Bolsonaro livre e nas urnas. Ou seja, não tem preço", afirmou.
No domingo, ele havia dito que sua pré-candidatura, lançada havia menos de 48 horas, tinha um preço para ser retirada, sugerindo um blefe ao se lançar ao Planalto. O anúncio na sexta-feira pegou aliados de surpresa. A ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro, por exemplo, não havia sido consultada.
Diante do ceticismo de lideranças do Centrão e da direita em acolher o anúncio como definitivo, Flávio disse que agora vai tentar atrair os aliados para o seu barco.
"Mais uma vez cabe a mim convencê-los de que o melhor projeto é vir comigo, provar que minha candidatura é a vencedora", disse ele.
Na noite da segunda-feira, 8, Flávio recebeu em sua casa os presidentes do União Brasil e do Progressistas para pedir união em torno de sua empreitada. Antônio Rueda (União) e o senador Ciro Nogueira (PP) ficaram de levar a questão a seus correligionários.
Ao deixar a PF, Flávio disse a seu pai que a defesa do ex-presidente vai protocolar pedido de prisão domiciliar humanitária, em razão de seus problemas de saúde.
Flávio disse ter levado a seu pai como foi a repercussão da notícia de sua pré-candidatura, que o senador julgou como positiva, e que o ex-presidente deu um "norte" para a militância seguir ao ungir o filho como sucessor — decisão que Flávio definiu como "irreversível".
Pela TV aberta a que tem acesso da cela especial, Bolsonaro acompanhou a declaração de apoio do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), a Flávio, e pediu que o filho agradecesse ao aliado pelo gesto.
Questionado sobre o que achou da fala de Tarcísio, que, além do apoio, disse ser cedo para avaliar e mencionou a existência de outras pré-candidaturas na direita — podem concorrer também os governadores de Goiás, Ronaldo Caiado (União), de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), e do Paraná, Ratinho Júnior (PSD) —, Flávio disse entendê-lo e que "é o de menos" quem passar para um eventual segundo turno contra o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ano que vem.
O senador defendeu pautar o projeto de lei para anistiar os envolvidos na trama golpista e que não se deve "interditar" o debate.
"Isso deixa ele muito angustiado, porque o próprio presidente Bolsonaro ouviu do Hugo Motta (presidente da Câmara) e do Davi Alcolumbre (presidente do Senado) a promessa de pautar a anistia. O plenário é soberano (para decidir)", disse ele.
Indagado sobre o fato de a Bolsa ter levado um tombo e o dólar disparado a partir da notícia de sua pré-candidatura, Flávio afirmou que "a culpa não é do mercado" e que "não se deve demonizá-lo".
"O que o mercado quis sinalizar com isso? A preocupação com mais quatro anos de Lula. E eles estão cobertos de razão", afirmou.
Ele disse que vai sentar para conversar com agentes do mercado financeiro a partir de agora e que espera que a Bolsa tenha um comportamento mais positivo quando ele estiver à frente das pesquisas para tirar o PT do poder.