Bolsonaro sobre Moro: 'nada fez para que Coaf e Receita não me bisbilhotassem'

9 dez 2021 - 08h01

O presidente Jair Bolsonaro (PL) assumiu nesta quarta-feira (8) que esperava uma interferência de Sergio Moro (Podemos) - seu provável rival nas eleições de 2022 - em órgãos de investigação enquanto ministro da Justiça do governo. "Esse cara não fez absolutamente nada para que Coaf e Receita não bisbilhotassem minha vida e dos brasileiros", declarou o chefe do Executivo em entrevista à Gazeta do Povo. "Pode investigar o presidente? Pode, mas legalmente", emendou.

De acordo com Bolsonaro, Moro, enquanto ministro, "selecionava" as ações da Polícia Federal. "Queria mandar embora lá atrás. Mas como ele tinha prestígio grande, ficava difícil justificar", afirmou o presidente.

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Bolsonaro ainda citou um diálogo que teria tido com o antigo aliado. Ele o teria questionado sobre investigações da PF em torno do então ministro do Turismo Marcelo Álvaro Antônio, envolvido em um esquema de candidaturas laranja nas eleições de 2018. "Por que a PF está investigando esse ministro que foi candidato?", teria perguntado o presidente, segundo ele mesmo. "Por que você não está investigando outros, é só para queimar o governo", teria acrescentado.

Vice ideal

Jair Bolsonaro afirmou na entrevista que seu vice ideal para as eleições de 2022 seria um nordestino ou um mineiro. "Pode ser um general de quatro estrelas também", acrescentou o chefe do Executivo - que disse já estar em contato com um "possível vice".

Nos corredores do Palácio do Planalto, especula-se sobre a escolha do ministro das Comunicações, Fábio Faria, para o posto. Ele é do Rio Grande do Norte e evangélico. Nesta semana, o G1 revelou negociações para emplacar na chapa o ministro da Defesa, general Braga Netto.

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Porém, de acordo com Bolsonaro, todos os nomes para vice que circularem na imprensa serão riscados de sua lista. "Já tenho dois nomes riscados", disse o presidente na entrevista.

STJ

Depois de emplacar um ministro "terrivelmente evangélico" no Supremo Tribunal Federal (STF), Bolsonaro afirmou que vai escolher ministros com perfil do seu eleitorado para o Superior Tribunal de Justiça (STJ). A corte tem duas vagas abertas. Na entrevista à Gazeta do Povo, Bolsonaro também confirmou a escolha ideológica para juízes de tribunais regionais. "Globo diz que vou escolher por critério ideológico. Não, não, vou escolher pessoal do PSOL", ironizou o presidente.

Combustíveis

Na área da economia, o chefe do Executivo reiterou que a redução do preço dos combustíveis é algo "natural" para os próximos meses, considerando a queda da cotação do petróleo no exterior, e negou ter informações privilegiadas da Petrobras sobre reajustes da gasolina e do diesel. A empresa é investigada pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM) pelo suposto repasse de informações ao presidente, que no domingo anunciou a baixa no valor dos combustíveis.

Bolsonaro também atacou o governador de Goiás, Ronaldo Caiado (DEM), por esclarecer que o ICMS cobrado pelos Estados sobre os combustíveis é uma alíquota que não variou na maioria do País. "Falou que eu era mentiroso. Mentiroso é ele, é um crime que acontece no Brasil todo", disparou Bolsonaro, que costuma dizer que Estados aumentaram a taxação dos combustíveis.

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Ainda na entrevista, Bolsonaro disse que, "para o sistema", sua reeleição não é interessante. "Mercado sempre aproveita para fazer algo contra a gente."

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