O líder do PL no Senado, Rogério Marinho (RN), afirmou na noite de segunda-feira que a candidatura do senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) à Presidência "é para valer" e que o PP e o União Brasil terão tempo para "maturar" a candidatura e decidir sobre um eventual apoio ao filho mais velho do ex-presidente Jair Bolsonaro na eleição do ano que vem.
Marinho falou a jornalistas após participar de uma reunião em Brasília com Flávio e os presidentes do PL, Valdemar Costa Neto; do PP, senador Ciro Nogueira (PI), e do União Brasil, Antônio Rueda. PP e União formaram uma federação partidária para a eleição do ano que vem.
"Tanto o Ciro quanto o Rueda, que representam hoje uma federação, ouviram, foram receptivos e vão conversar com seus partidos para tomarem uma decisão", disse Marinho aos jornalistas.
"A conversa que tivemos aqui vai ser maturada, vai ser absorvida por todos, vamos ter um tempo para que haja essa definição", acrescentou.
Na sexta, Valdemar e Flávio anunciaram que o senador foi escolhido por Bolsonaro para ser o candidato bolsonarista ao Planalto no ano que vem, quando o atual presidente Luiz Inácio Lula da Silva concorrerá à reeleição.
Os mercados financeiros reagiram mal à notícia, com o Ibovespa caindo mais de 4% após tocar máximas recordes na sessão e o dólar disparando mais de 2%. Os agentes entendem que Flávio tem menor capacidade de atrair o eleitor de centro do que o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), o favorito dos mercados, o que aumentaria as chances de reeleição de Lula, cuja política econômica é alvo de críticas entre esses agentes.
No fim de semana, Flávio chegou a afirmar que haveria um "preço" para a retirada de sua candidatura, no que foi interpretado como sinalização de que ele não levaria o pleito até o final. Posteriormente, no entanto, ele classificou sua candidatura como irreversível.
"A posição do PL é muito clara, na hora que o nosso principal líder tomou essa decisão, todos nós estaremos juntos... A candidatura do senador Flávio é para valer", disse Marinho.
"Em nenhum momento o Flávio colocou que sua candidatura era um balão de ensaio, ele fez um ensaio retórico de que o preço era que o presidente Jair Bolsonaro pudesse constar na cédula como candidato."
Bolsonaro, que foi declarado inelegível até 2030 por duas decisões do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), cumpre atualmente pena de mais de 27 anos de prisão na Superintendência da Polícia Federal em Brasília após ser condenado pela Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) por tentativa de golpe de Estado. O ex-presidente e seus aliados negam as acusações e afirmam que ele é alvo de perseguição política.
Marinho também minimizou a reação negativa dos mercados ao anúncio da candidatura de Flávio e disse que o projeto que ele tem a apresentar ao país é "o oposto do que está aí", com responsabilidade fiscal e redução de impostos.
"É evidente que o mercado trata com especulação, faz parte do jogo do mercado. Havia uma especulação de uma outra candidatura, e na hora que essa candidatura não se concretizou, o mercado desinflou. Mas isso não significa que haja uma situação no sentido de repúdio a esse ou aquele candidato", afirmou.