Única mulher na Arrancada divide as pistas com a medicina

Susan Yano é oftalmologista, dona de uma rede de hospitais e piloto de arrancadas

11 ago 2022 - 05h00

Mãe, esposa, médica, empresária e triatleta. Essas funções já seriam mais do que suficientes para ocupar a rotina de qualquer mulher, mas Susan Yano ainda conseguiu conciliar mais uma atividade, e bastante fora do comum. Ela é piloto de arrancadas, e participou, no início de julho, do maior evento automobilístico do Centro-Oeste da categoria - a única a mulher na competição, terminando na sexta posição.

Depois do sexto lugar no “Arrancada Centro-Oeste”, Susan se prepara para as próximas provas
Depois do sexto lugar no “Arrancada Centro-Oeste”, Susan se prepara para as próximas provas
Foto: Acervo pessoal

Oftalmologista, Susan também possui uma rede de hospitais em Palmas e em outras cidades do Tocantins, e é coordenadora de uma residência médica. O esporte sempre fez parte da sua vida, seja pelo bem-estar, seja para aliviar o estresse. A paixão pelo automobilismo, porém, veio por influência do seu marido, que sempre gostou de mexer nos carros e prepará-los para arrancadas. 

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Quando decidiu treinar e competir, Susan o acompanhou, e logo arriscou algumas puxadas, seguindo então para a primeira competição. “Como aqui em Palmas não tem pista de arrancada, eu não consegui fazer muito treino, eu só consegui treinar duas vezes o procedimento de largada, e acabou que foi lá mesmo, foi na hora. Nas primeiras puxadas o carro não estava regulado, eu não conseguia arrancar direito, porque tinha que encher a turbina e eu não conseguia encher ela toda, o carro morria e mesmo assim fiquei em sexto lugar. Achei espetacular!”, conta.

"Mulher tem que fazer o que ela gosta", defende a piloto
Foto: Acervo pessoal

Corrida contra o machismo

Única representante feminina na arrancada, Susan temeu pela discriminação no esporte. “Eu estava em uma reunião que tinha setenta homens, eu era a única mulher”, diz, para exemplificar o domínio masculino no automobilismo. Mas durante a prova do Centro-Oeste, ela foi surpreendida com o apoio de mulheres que haviam participado de edições anteriores.

“Fez muita diferença, porque vieram mulheres do automobilismo. Elas fizeram entrevista, tiraram foto e eu gostei bastante, porque você tem que ter um apoio, saber que outras pessoas também estão ali, que te incentivam”, ressalta. E este apoio é fundamental para empoderar a piloto, que afirma: “a mulher não pode deixar de fazer o que quer pelo receio do que outros vão pensar. Eu acho que a mulher tem que fazer o que ela gosta”.

“Quanto mais a gente faz, mais a gente consegue fazer”

A desculpa de “não pratico esporte porque não tenho tempo” não funciona para Susan. Além da arrancada, a médica faz triathlon, com treinos frequentes de natação, bicicleta e corrida (essa sem carro), e ainda consegue se dedicar à profissão e à família.

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“Quanto mais coisa a gente faz no dia a dia, mais coisa a gente consegue fazer. Hoje meu dia é assim, milimetrado, todos os minutos são contados, inclusive, é toda a agenda assim, certinha”, garante. Tudo isso para, no fim, conseguir a sensação de “bem-estar, liberar o estresse e ter ideias”, como ela mesma define.

“No esporte, no momento que eu estou fazendo aquela corrida cinco da manhã, que eu tenho as ideias, penso na na minha empresa, vejo o que que eu preciso fazer. Então é naquele momento que está a oxigenação mais intensa do cérebro que eu consigo pensar em outras coisas”, explica, e ainda acrescenta: “é muito gostoso ter a sensação da adrenalina e liberar todo o estresse que a gente tem no dia a dia.”

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