Pela primeira vez, dois advogados negros podem ser desembargadores em São Paulo

O Tribunal de Justiça de São Paulo (TJSP) tem apenas um desembargador autodeclarado preto entre os 360 juízes titulares

15 out 2025 - 15h21
(atualizado às 15h40)
Resumo
Segundo o Anuário da Justiça São Paulo, publicado neste ano, o perfil predominante dos desembargadores do Tribunal de Justiça é o de um homem branco, paulistano e com mais de 60 anos. O governador do Estado deve fazer as nomeações em breve.
 Derly Barreto e Silva Filho e Carlos Alberto de Santana estão nas listas tríplices enviadas pela OAB ao governador paulista.
Derly Barreto e Silva Filho e Carlos Alberto de Santana estão nas listas tríplices enviadas pela OAB ao governador paulista.
Foto: Arquivo pessoal

Dois advogados negros, com notável saber jurídico, integram listas tríplices de candidatos ao cargo de desembargador do Tribunal de Justiça de São Paulo (TJSP). Eles foram indicados pela Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) ao governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), que pode fazer as nomeações a qualquer momento. Não há prazo legal para a decisão, mas ela deve ser tomada em breve.

Segundo o Diário Eletrônico da OAB, Carlos Alberto de Santana é um dos três nomes que concorrem à vaga deixada pelo desembargador aposentado Cesar Ciampolini Neto. O segundo candidato negro é Derly Barreto e Silva Filho, que integra a lista tríplice referente à vaga aberta com a aposentadoria da desembargadora Maria Cristina Zucchi.

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Para a advogada negra Karolyne Utomi, não se trata apenas de “ter um homem negro” como desembargador, mas de “reconhecer trajetórias que traduzem mérito, resiliência e excelência técnica em um sistema que historicamente dificultou o acesso a esses espaços”. Segundo ela, a escolha do governador Tarcísio de Freitas poderá “consolidar um legado de coragem institucional que transcende espectros ideológicos”.

O Tribunal de Justiça de São Paulo (TJSP), com 151 anos, é uma das maiores instituições judiciárias da América Latina. Entre seus 360 desembargadores titulares, há apenas um autodeclarado preto. O número sobe para 448 se forem considerados os juízes de segundo grau, que podem ser convocados para auxiliar ou substituir desembargadores.

Os dados são da 14ª edição do Anuário da Justiça São Paulo, publicada neste ano.  O levantamento mostra que o perfil predominante de um desembargador no estado é o de um homem branco, paulistano e com mais de 60 anos.

Para o advogado Everton Brasiliano, “só a indicação já é muito representativa. As coisas estão mudando, talvez não na velocidade ideal, mas demonstra que pessoas negras podem chegar aonde quiserem. Espelha uma possibilidade”.

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Fonte: Visão do Corre
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