Olimpíada ajudou a descriminalizar o skate, diz Pâmela Rosa

Skatista se prepara para a disputa do Pro Tour de Skate Street, em Roma, primeira competição do ciclo olímpico de Paris-2024

21 jun 2022 - 08h03
(atualizado às 13h35)

O ciclo olímpico de Pâmela Rosa tem início no próximo dia 26 de junho, em Roma, com a disputa do Pro Tour de Skate Street - cinco dias depois do Dia do Skatista, que é comemorado hoje (21). Esta será a primeira competição valendo pontos para o ranking dos Jogos de Paris, em 2024, onde a skatista terá uma nova oportunidade de brigar por medalha. 

Nos Jogos de Tóquio-2020, edição onde o skate fez sua estreia como modalidade olímpica, Pâmela competiu após sofrer um grave entorse no tornozelo Lesionada, ela teve seu desempenho muito reduzido, e terminou sua participação fora do pódio. No entanto, apesar do “baque”, a maior conquista para a atleta é ver o crescimento do esporte após a Olimpíada.

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Pâmela Rosa é influenciadora da Los Grandes, organização brasileira de e-Sports
Pâmela Rosa é influenciadora da Los Grandes, organização brasileira de e-Sports
Foto: Marcello Zambrana/Divulgação

“Acredito que houve um aumento de pessoas interessadas em consumir skate, canais de televisão comprando direitos de transmissão da SLS, do STU, enfim, aconteceu um crescimento natural. O mais importante foi descriminalizar o skate para as pessoas”, contou Pâmela Rosa ao Papo de Mina

Depois de passar dias frustrantes no Japão, Pâmela se recuperou do entorse a tempo de competir no Street League Skateboarding, mundial da modalidade, e faturar o bicampeonato. 

“Teve uma frustração por não conseguir voltar com uma medalha, mas todo mundo sabe que eu já cheguei em Tóquio lesionada. Além disso, não estava com meu treinador. Tenho certeza que se o [técnico] Hamilton estivesse lá que me iria classificar para as finais. Ele e mais duas pessoas sabiam da minha lesão”, disse a atleta. 

“Acho que por tudo o que aconteceu, esse aprendizado e, no fim do ano, a coroação com o título mundial, fica aquela sensação de trabalhar com mais garra para esse novo ciclo olímpico em busca de uma medalha em Paris”, afirmou. 

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Pâmela Rosa e Hamilton, treinador da skatista
Foto: Divulgação

O Papo de Mina traz uma entrevista exclusiva, e franca, com Pâmela Rosa, que quer mostrar para o mundo a força do skate feminino brasileiro.

Leia a conversa completa abaixo:

Papo de Mina: Você já falou que o skate 'te escolheu', e que seu sonho antes era ser jogadora de futebol. São dois esportes que as meninas são menos incentivadas a praticar. Como o esporte entrou na sua vida, e quando veio a certeza de que sua profissão seria de atleta?

Pâmela: “Comecei no skate com oito anos. Foi tudo por acaso, meu primeiro skate, minha mãe teve que deixar de pagar uma conta de luz [para comprar]. Minha família nunca teve sdinheiro. Até meus 16 anos, eu dormia no chão. Nos primeiros campeonatos, minha família não tinha condição de comprar os melhores equipamentos para mim. De qualquer forma, sempre me dediquei e, felizmente, as portas foram se abrindo na medida que as vitórias começaram aparecer.

Em relação a ter certeza que ser skatista seria minha profissão, começou com a minha família reparando minha facilidade para algumas manobras. Ao mesmo tempo, eu adorava jogar futebol. Quando era criança talvez esse fosse meu primeiro sonho. Poder ser jogadora e viver disso. Mas, comecei a andar de skate e foi tudo tão rápido e intenso que quando reparei já tinha conquistado meu primeiro X-Games.”

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Como é sua relação com o skate? É paixão, profissão, lazer... tem como descrever a sensação de praticar e chegar a tantas conquistas?

“É tudo! Minha essência, meus princípios e parte de mim. Simplesmente não existe Pamela Rosa sem um skate. É um misto de lazer com profissão. Sei da responsabilidade, mas sempre levo tudo com leveza.”

Paris-2024 tá logo aí, e você estará com 25 anos na Olímpiada. Para muitos, é o auge do atleta, mas vimos em Tóquio uma média de idade muito baixa entre as vencedoras, incluindo a Rayssa, que ganhou a prata com 13 anos. Te preocupa um pouco esse avanço dos jovens skatistas? Te prejudica de alguma forma?

“Acredito que o skate precisa de idade mínima, porém, como já se iniciou sem idade, que continue sem alteração nos campeonatos. A galera mais nova já entendeu que tem que ter disciplina para mandar bem nas manobras e ter uma regularidade no circuito. Disciplina é fundamental”.

Hoje você, a Letícia e a Rayssa são grandes influenciadoras de meninas que se arriscam a praticar esportes, e ganham coragem de experimentar o skate, que além de ser mais relacionado aos meninos é visto como marginalizado pela sociedade. O que mudou desde a Olimpíada? Você tem sido mais procurada por crianças? Como é seu papel nisso? Quais são as suas expectativas para a nova geração de meninas?

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“Sim. Muitas crianças e principalmente adolescentes. É um motivo de orgulho. Justamente isso que quero passar e representar para essas pessoas mais novas. Quero continuar inspirando novas meninas e meninos a praticarem skate.”

Um dos destaque nas competições do skate na Olimpíada foi a sororidade, todas as atletas se incentivando e torcendo umas pelas outras, algo raro de se ver no esporte e na sociedade, já que as mulheres são criadas com a cultura de competir uma com a outra. Como tornar esse exemplo algo comum, referência para outras situações?

“É da cultura do skate. Acho que isso é importante para deixar o ambiente mais leve na hora da competição. É mais do que normal essa ansiedade antes da volta ou da manobra. Ter um apoio na pista, mesmo que seja com algo simples, naquele momento é sempre válido. Como falei anteriormente, sempre tento entrar nos campeonatos com leveza.”

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