Pokémon GO segue como um dos fenômenos mais duradouros da indústria. O título, que completará 10 anos em 2026, continua atraindo milhões de jogadores e renovando seu público com eventos e colaborações estratégicas.
Na Brasil Game Show 2025, o game marcou presença por meio de uma ação conjunta com a Samsung, que transformou suas lojas em Poképaradas oficiais. Conversamos com Eric Araki, Country Manager da Niantic no Brasil, sobre como essa parceria nasceu, o papel da comunidade brasileira e os próximos passos do jogo no país.
Game On: Como surgiu a ideia de integrar as lojas Samsung no Brasil como Poképaradas oficiais para ativar a presença física do Pokémon GO durante a BGS?
Eric Araki: Essa é uma ótima pergunta, porque tem algumas camadas. Nós, como Pokémon GO, sempre buscamos oferecer locais seguros e interessantes para os jogadores. Não podemos disponibilizar Poképaradas em lugares isolados ou que não ofereçam infraestrutura. Por isso, fazemos parcerias com governos locais, shoppings e, neste caso, com a Samsung. As lojas da marca são espaços de alto valor, bem estruturados e seguros.
Além disso, as duas empresas compartilham um foco na experiência do usuário, seja com os dispositivos e serviços Galaxy, seja com os nossos treinadores. Foi uma combinação que deu muito certo e que deve gerar resultados positivos para todos, especialmente para os jogadores.
Game On: Quais desafios técnicos vocês enfrentaram para sincronizar as ações dentro do jogo (desafios, brindes, missões especiais) com o ambiente físico da Samsung no evento?
Eric Araki: Alguns, mas nada fora do comum. Pokémon GO tem essa capacidade incrível de levar as pessoas até os lugares. Já realizamos parcerias com shoppings, lojas de conveniência e outros eventos, e sempre conseguimos tornar esses espaços mais especiais para os jogadores. Em muitos casos, vimos aumento de até 20% no fluxo de visitantes e até 3% no faturamento desses locais.
Aqui na BGS, transformamos todo o pavilhão em uma grande área de Pokémon GO com a Samsung. Criamos Poképaradas e ginásios por todo o evento, com módulos que atraíam Pokémon raros e até versões comemorativas com chapéu de festa. Também tivemos a experiência das Mega Evoluções com a Pokémon Company, que montou um espaço incrível. E bem acima dele, colocamos um ginásio ativo 24 horas, o que tornou a experiência ainda mais completa para o público.
Game On: Que tipo de retorno ou engajamento vocês esperam dessa ativação entre marcas (Samsung) e plataforma (Pokémon GO) em um evento tão grande como a BGS?
Eric Araki: Existe um ponto importante. O Brasil é um país em desenvolvimento, e aqui os jogadores trocam de celular com muito menos frequência do que em outros lugares. Em mercados como o americano ou europeu, é comum trocar de aparelho todo ano, mas aqui isso é impensável. Isso impacta diretamente jogos como Pokémon GO.
Por exemplo, em julho deste ano deixamos de oferecer suporte a dispositivos de 32 bits, o que afetou uma pequena parte dos nossos jogadores que usavam celulares mais antigos, de quase dez anos atrás. Por isso, parcerias com marcas como a Samsung, que produzem aparelhos de entrada e intermediários acessíveis, são fundamentais. Elas nos ajudam a reconectar esse público, mostrando que o jogo continua vivo, atualizado e acessível.
Game On: Você está há muitos anos no ramo de jogos e agora lidera as operações da Niantic no Brasil. Quais particularidades do mercado brasileiro mais te surpreendem e influenciam suas decisões no cargo?
Eric Araki: Estou nesse mercado desde 1997, literalmente do século passado, e vi muita coisa mudar. Quando comecei, eventos de games eram pequenos, quase todos organizados pela comunidade. Hoje, temos feiras que rivalizam com o Tokyo Game Show ou a Gamescom, e isso é motivo de orgulho. O público brasileiro deixou de lado aquele sentimento de que certas coisas nunca aconteceriam aqui e passou a celebrar o que construiu.
No caso de Pokémon GO, há uma particularidade importante, que é a segurança. Nosso jogo incentiva as pessoas a saírem de casa, mas sabemos que o Brasil é o país onde mais se roubam celulares no mundo, dois por minuto em São Paulo. Precisamos lidar com isso de forma responsável.
Por isso, buscamos parcerias com shoppings e estabelecimentos que ofereçam segurança e conforto. Também incentivamos o jogo em comunidade, porque sabemos que jogar em grupo reduz riscos. Temos comunidades oficiais em todos os estados, com apoio, brindes e suporte direto da Niantic. Além disso, trabalhamos com prefeituras e governos locais. A Prefeitura de São Paulo, por exemplo, nos cedeu mais de 80 mil endereços que se tornaram Poképaradas seguras e de qualidade.
Game On: Como Country Manager, qual seu papel na concepção de eventos locais, parcerias e iniciativas para manter o Pokémon GO relevante e inovador no Brasil?
Eric Araki: No passado, o Brasil era visto apenas como parte de uma região emergente, junto de países como Turquia e Índia. Mas com ações criadas por brasileiros e para brasileiros, conquistamos reconhecimento global. Isso nos deu autonomia para realizar eventos como GO Fest e GO Tour em cidades da América Latina, colocando o Brasil em destaque.
Hoje, somos o segundo país do mundo que mais traz novos jogadores, atrás apenas dos Estados Unidos, superando até o Japão. É um resultado incrível, fruto do trabalho das equipes e do envolvimento apaixonado da comunidade local.
Game On: Em termos de crescimento da comunidade, quais métricas ou sinais você considera mais importantes para saber se uma ação está sendo bem-sucedida no Brasil?
Eric Araki: Para nós, a comunidade não é uma ação pontual, é o coração do jogo. Jogadores que participam de grupos e eventos tendem a continuar jogando por muito mais tempo. Por isso, temos programas dedicados, liderados pelo Leo Willey na América Latina. Enviamos kits, brindes, códigos e até criamos Poképaradas e ginásios em locais onde essas comunidades se reúnem.
É um trabalho constante de fortalecimento da base. E o mais legal é ver que muitas dessas ideias criadas no Brasil estão sendo levadas agora para o mundo inteiro, uma prova de que estamos no caminho certo.
Game On: Que desafios você enxerga para o futuro de Pokémon GO no Brasil, especialmente em um mercado tão competitivo?
Eric Araki: 2026 será um ano muito especial, o décimo aniversário de Pokémon GO. Poucos jogos chegam a essa marca, e queremos celebrar de forma grandiosa. Estamos preparando eventos e surpresas para os jogadores brasileiros, e posso adiantar que não será em São Paulo, embora quase tenha escapado o spoiler. Nosso objetivo é continuar tornando Pokémon GO um Forever Game, algo que se renova constantemente, acompanhando a paixão da comunidade e a força da franquia Pokémon.
Atualização:
Anteriormente o artigo dizia que o "Brasil é o segundo país com mais jogadores ativos de Pokémon GO", mas na verdade é o "segundo país que mais traz novos jogadores". Atualizamos o texto com a correção.