Mirassol 100 anos: do amadorismo ao topo do futebol brasileiro

Fundado em 1925, o Mirassol celebra um século de história marcado por superação, gestão moderna e ascensão histórica à elite do Brasileirão.

9 nov 2025 - 12h01
(atualizado às 12h01)
Mirassol 100 anos
Mirassol 100 anos
Foto: Reprodução / Instagram Mirassol Futebol Clube / Esporte News Mundo

Fundado há exatamente 100 anos, no dia 9 de novembro de 1925, o Mirassol Futebol Clube alcançou lugares que seus fundadores nunca poderiam prever.

O objetivo inicial era formar um time que representasse a cidade em amistosos e torneios regionais, em um município que contava com pouco mais de cinco mil habitantes. Foi somente em 1951 o clube conseguiu se profissionalizar. 

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O Mirassol teve o início do seu protagonismo real somente no século XXI, quando em 2008, disputou pela primeira vez a elite do Campeonato Paulista. A partir desse momento, o Leão iniciou uma escalada meteórica no futebol estadual e, principalmente, nacional.

O clube se tornou um case de sucesso no futebol brasileiro após a venda de Luiz Araújo, com a conquista de recursos, vieram um moderno centro de treinamento e uma gestão inovadora, que resultou com o acesso à Série A do Brasileirão justamente no ano do centenário.

Do "sem divisão" em 2019, o time amarelo-verde conquistou três acessos e dois títulos nacionais, a Série D em 2020 e Série C em 2022.

Chegar à elite do Brasileirão não foi o ponto final, o clube já mira além, ele pretende começar a explorar a América do Sul em 2026.

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O início de tudo

Embora tenha se tornado mais conhecido nas últimas décadas, a história do Mirassol realmente se iniciou há muito tempo, foi há exatamente 100 anos, em uma segunda-feira, que o clube foi fundado, ele tinha como proposta representar o município em competições locais e amistosos, porém sua profissionalização foi conquistada em 1951.

O início da fase profissional durou pouco, mas em 1960 o Leão voltou a disputar uma divisão estadual, e logo depois veio o acesso à terceira divisão estadual, e ali surgiu o rival GREC.

Em 1964, Mirassol e GREC uniram forças para representar a cidade, formando o Mirassol Atlético Clube, com a fusão vieram algumas mudanças profundas, principalmente nas cores, o time começou a usar azul e branco e disputou 11 edições do Paulistão em 18 anos de atividade.

A união terminou em 1981, o GREC foi extinto e o Mirassol voltou a utilizar amarelo-verde e retomou o nome original "Futebol Clube", desde então o clube transitou entre a segunda e a terceira divisão estadual, vencendo a Série A3 em 1997.

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Dez anos depois, veio o acesso à elite estadual, conquistou o terceiro lugar na A2 de 2007, marcando o início de uma nova era.

As casas do Mirassol

Nos primeiros anos, o time atuava no estádio Estádio Giocondo Zancaner, um campo modesto, com uma capacidade estimada que não ultrapassava cinco mil pessoas. Foi ali que ocorreu o primeiro acesso do clube, antes mesmo de atuar no "Maião".

Hoje, o antigo campo não existe mais; resta apenas uma arquibancada que deve ser demolida em breve, e o local está sendo aproveitado para construção comercial.

Desde 1964, o clube passou a usar o Estádio Municipal José Maria de Campos Maia, conhecido como "Maião", nome dado em homenagem ao empresário e ex-prefeito José Maria de Campos Maia, responsável pela doação do terreno para sua construção.

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Com capacidade para cerca de 19 mil pessoas, o Maião já viveu momentos históricos, como a goleada por 6 a 2 sobre o Palmeiras no Campeonato Paulista de 2013, que foi a primeira vitória do Leão contra um dos "quatro grandes" de São Paulo.

Com a ascensão do clube ao top do futebol brasileiro, o estádio também ganhou melhorias, antes da estreia em casa pelo Brasileirão, foram investidos cerca de R$ 8 milhões na fachada, sistema de reconhecimento facial nas entradas, proteção de vidro no lugar de alambrado, banheiros reformados e iluminação de campo modernizada, o deixando com uma verdadeira estrutura de um clube da Série A.

O grandioso CT

A verdadeira virada de chave no Mirassol veio com a venda de Luiz Araújo, por ter sido revelado no clube, o atacante rendeu cerca de R$ 6,4 milhões ao Leão na negociação com o Lille em 2017.

A parte bruta desse valor (cerca de R$ 5,4 milhões) foi investida na construção de um centro de treinamento moderno, com aproximadamente 52 mil m², que foi inaugurado em 2019.

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Desde então, o CT tem sido renovado e equipando-se com tecnologia de ponta, já foram destinados mais de R$ 15 milhões em modernização, com equipamentos de até R$ 400 mil o unidade.

As instalações incluem quatro campos, 20 apartamentos (para 40 pessoas), cápsula de flutuação, banheiras quentes e frias, refeitório, cozinha, sala de jogos, sala de imprensa, vestiários, academia, fisioterapia, fisiologia, piscina, estacionamento, além de infraestrutura para base e profissionais.

O fado do Mirassol não ter esperado subir para a Série A para ter estrutura de Série A foi decisivo.

De "sem divisão" em 2019 ao topo em 2025

Se hoje o sucesso parece repentino, a realidade de poucos anos atrás era muito diferente, em 2019, o Mirassol não disputava nem mesmo torneios nacionais.

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Ele teve sua primeira participação em um Campeonato Brasileiro em 1995, na Série C, com uma campanha muito ruim. Ao longo dos anos o clube esteve na Série D em 2009, 2011, 2012 e 2018, mas apenas em 2020 mudou o cenário e conseguiu ser campeão da Série D.

Depois passaram duas temporadas na Série C e, em 2022, o Leão conquistou o título da Série C e o acesso, tornando-se um dos 23 clubes brasileiros com taças em mais de uma divisão nacional.

Em 2023, na Série B, brigou pelo acesso e por muito pouco não conseguiu o acesso, terminando em sexto lugar com 63 pontos.

Em 2024, o clube se manteve sólido, figurou no G-4 quase toda a temporada e conseguiu confirmar o acesso na última rodada, usando a força de jogar em casa como diferencial.

No estadual, o clube retornou à elite do Paulistão somente 83 anos após sua fundação, em 2008. Em 2013 foi rebaixado, mas retornou "definitivamente" em 2017; desde então chegou a duas semifinais em 2020 e 2021.

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Na semifinal de 2020, em plena pandemia, após desfazer-se de 18 jogadores, o Leão eliminou o São Paulo por 3 a 2, mas parou no Corinthians em seguida.

Ídolos

Cássio Luís Rissardo "Xuxa", foi um dos protagonistas do início da ascensão do clube, teve oito passagens, 153 jogos, 56 gols, o dobro do segundo artilheiro da história do clube.

Camilo, o meia que passou por times como Botafogo e Ponte Preta, vestiu a camisa 10 do Mirassol e foi peça-chave no título da Série C de 2022. Em três passagens, somou 110 jogos e 28 gols.

Negueba, é o recordista em número de partidas pelo clube, chegou em 2022, e já soma cerca de 160 jogos. Participou dos títulos e dos acessos, e se tornou ídolo da torcida, especialmente entre as crianças.

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Alex Muralha, o goleiro com passagem pela seleção brasileira, passou três vezes pelo Mirassol e realizou defesas históricas, sendo notável nas penalidades. Foi pilar na campanha que levou ao Brasileirão e já declarou inúmeras vezes seu carinho pelo clube.

Passado, presente e o futuro

Ivan Baitello, é mirassolense e ex-jogador do clube dos anos 90, faz parte da comissão técnica desde os anos 2000. Parte de uma família ligada ao clube, com pai, irmãos e avô também envolvidos. Ele acompanhou toda a estruturação que permitiu o clube evoluir a esse patamar.

Rafael Guanaes foi o técnico que encabeçou a fase mais recente do Mirassol, contratado após o aval de Ivan Baitello e, mesmo sem experiência na Série A, apostou no desafio. Ele defende convicção nas próprias ideias e visão estruturada do futebol.

Com uma trajetória que partiu de representatividade local, atravessou fusões, décadas de divisões inferiores e hoje alcança a elite nacional, o Mirassol construiu uma base sólida para mirar mais longe, o Brasil já foi superado, agora, o horizonte é sul-americano.

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