Com 160 mil habitantes e seleção de holandeses, Curaçao vai à Copa

Com tradição, talento e laços estratégicos com a Holanda, Curaçao chega à sua primeira Copa pronta para mostrar que tamanho não define qualidade

19 nov 2025 - 03h27
Classificação para a Copa já viraliza nas redes sociais.
Classificação para a Copa já viraliza nas redes sociais.
Foto: Reprodução Instagram / Jogada10

Curaçao, ao empatar com a Jamaica em 0 a 0 nesta terça-feira, 18/11, conseguiu um feito histórico. Afinal, pela primeira vez, este país, que é uma pequena ilha do tamanho da cidade de São Paulo (tem 444 km²), vai disputar uma Copa do Mundo. E, de quebra, se tornou o país com a menor população a conseguir jogar um Mundial. Afinal, tem apenas 160 mil habitantes, o que equivale à população do bairro de Copacabana, no Rio de Janeiro. Com isso, quebra o recorde de Cabo Verde, que, ao se classificar para a Copa há semanas, tinha se tornado, com seus 524 mil habitantes, o menos populoso.

Apesar do futebol pouco conhecido, Curaçao até que faz bonito. Para um país tão pequeno e que tem o beisebol como esporte mais popular, a sua seleção realiza jogos duros contra rivais de maior porte. Seus times, quando disputam a Liga dos Campeões da Concacaf, às vezes chegam longe. O Jong Colombia, por exemplo, já foi vice-campeão da Concachampions duas vezes (1967 e 1979).

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Classificação para a Copa já viraliza nas redes sociais.
Foto: Reprodução Instagram / Jogada10

Curaçao e o futebol

Curaçao fazia parte das Antilhas Holandesas, grupo de países que englobavam colônias da Holanda: Curaçao, São Martinho, Aruba, Saba, Sint Eustatius e Bonaire. Em 2010, as Antilhas deixaram de existir, com três primeiros se tornando países independentes e membros do Reino dos Países Baixos e os outros três se tornando municípios ultramarinos da Holanda. Para a Fifa, com o término das Antilhas Holandesas, o que correspondia ao grupamento passou a ser vinculado a Curaçao, que de longe era o país mais representativo no futebol, já que seus times venciam quase todos os campeonatos da então Antilhas Holandesas, que valia vaga à Concachampions.

Aliás, Curaçao, mesmo com apenas 160 mil habitantes, tem um campeonato local, a Curaçao Promé Divishon, e até uma Segundona. Mas a sua seleção pode ter como apelido "Pequena Holanda". Afinal, dos 24 jogadores convocados na Data Fifa, 23 são holandeses de nascimento, mas que têm alguma ascendência em Curaçao (pais ou avós) e, sem chance na Laranja Mecânica, optaram por jogar pela ilha caribenha. Apenas um jogador, Tahith Chong, é nascido em Curaçao. Mas mesmo assim, começou na base do PSV-HOL, antes de ir para os ingleses Manchester United (hoje joga no Sheffield United, também da Inglaterra).

Ciraçao éumapequena Ilha (tem o tamanho da cidade de São Paulo) e fica muito prõxima à Venezuela
Foto: TUBS wikimedia commons / Jogada10

Pequena Holanda

Aliás, os jogadores da seleção jogam por agremiações relevantes. Obismo, por exemplo, defende o PSV; Sontje Hansen, o Middlesbrough. Além disso, é holandesa a sua comissão técnica. O conhecidíssimo Dick Advocaat, que treinou a Holanda por quatro vezes, incluindo uma na Copa de 1994, passou por outras seleções, como a Coreia (na Copa de 2006), e por clubes como PSV, Rangers e Zenit. No passado, Patrick Kluivert e Guus Hiddink também treinaram a seleção.

Ou seja, Curaçao pode ter 160 mil habitantes, mas sabe aproveitar bem os laços com a Holanda para "ampliar muito a base" e formar uma seleção que chegou com campanha muito consistente à sua primeira Copa. Nesta fase final, passou invicta por Jamaica, Trinidad e Tobago e Bermuda, chegando a vencer Bermuda por 7 a 0. Assegurou a vaga com um empate fora de casa contra os jamaicanos. Enfim, vai para a Copa confiante de que não será um saco de pancadas, mesmo lembrando que um dia perdeu por 7 a 0 para a Argentina de Messi. Quer ser exaltada por bons jogos e não apenas pelas praias paradisíacas ou pelo famoso licor azul de laranja, o Curaçao Blue.

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