Vettel vê "abuso" em fala racista de Piquet e dispara: "Temos de erradicar isso"

Sebastian Vettel pediu ações da F1 sobre a polêmica fala racista de Nelson Piquet se referindo a Lewis Hamilton e pediu para que o assunto "não seja esquecido"

30 jun 2022 - 13h42
(atualizado às 16h51)
Sebastian Vettel novamente se posicionou e repudiou comentários preconceituosos contra Hamilton
Sebastian Vettel novamente se posicionou e repudiou comentários preconceituosos contra Hamilton
Foto: Aston Martin / Grande Prêmio

VAGAS DA FÓRMULA 1 2023 ESTÃO NO FIM, MAS VETTEL TEM A DELE. POR ENQUANTO

Como não poderia deixar de ser, a entrevista coletiva dos pilotos da Fórmula 1 que chegam a Silverstone para o GP da Inglaterra foi pautada pela fala racista de Nelson Piquet ao se referir ao heptacampeão mundial Lewis Hamilton. E, sendo uma das principais vozes que lutam por mudanças no paddock e fora dele, Sebastian Vettel se pronunciou de maneira firme a favor do britânico.

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"Para ser honesto, isso vai além dos últimos dias", começou 'Seb'. "É provavelmente o que Hamilton e sua família passaram a vida toda. Qualquer forma de abuso é errada, então acho que foi por isso que houve uma avalanche de respostas de toda a comunidade da F1 tão rapidamente, as pessoas responderam e expressaram seu apoio a Lewis sobre o assunto", disse.

"Não creio que deva haver lugar para esse tipo de comentário", criticou. "Infelizmente, ainda temos muitos. Acho que avançamos muito em relação há alguns anos, mas não ajuda quando ainda temos essas coisas. Não é bom que aqui existam pessoas falando coisas inapropriadas ou usando uma linguagem inapropriada e disparando coisas erradas", completou.

Vettel pediu, ainda, para que o assunto não seja esquecido. De acordo com a opinião do piloto da Aston Martin, a Fórmula 1 não pode agir como se nada tivesse acontecido e as pessoas precisam lembrar do que aconteceu — caso contrário, a categoria estaria indo na direção contrária à campanha de diversidade que tanto propagou nos últimos anos.

Sebastian Vettel já costuma se posicionar sobre questões inerentes ao paddock (Foto: Reprodução/Twitter)

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"É muito importante continuar falando sobre isso, porque é um problema que não se evapora", seguiu criticando o tetracampeão. "Não vai sumir ao longo da noite, isso seria ótimo, mas não vai. Nesse assunto, a F1 tem uma responsabilidade de responder a esses problemas. Acho que é o que estão tentando fazer", afirmou.

"Nós temos uma campanha [We Race As One, Corremos Como Um em tradução literal], e é muito claro para onde estamos indo e aonde queremos chegar no futuro", salientou. "Mais do que a linguagem e as coisas que estamos tentando fazer, é como você se comporta e como você inclui os outros, sem importar qual a sua cor, qual tipo de parceiro ou parceira você tem, sua orientação sexual", ressaltou.

Por fim, Vettel falou em "erradicar" certas coisas "ruins" da categoria e fez questão de dizer que a Fórmula 1 deve estar aberta a todas as comunidades, sem distinções de qualquer tipo.

"É óbvio que cada comunidade deve ser bem-vinda", comentou. "Devemos sempre responder assim, e rápido, e deixar claro que estamos abertos a todos. Gentilezas importam e as pessoas importam. Temos que erradicar essas coisas ruins que estão acontecendo", finalizou.

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O comentário com uso de termo racista por parte de Piquet ocorreu no ano passado, quando o tricampeão comentava a batida entre o piloto da Mercedes e Max Verstappen no GP da Inglaterra de Fórmula 1. No vídeo, que ganhou repercussão na imprensa internacional, o jornalista Ricardo Oliveira questionou Piquet sobre uma manobra parecida de Ayrton Senna no passado, e o tricampeão discordou.

O tetracampeão saiu em defesa de Hamilton e criticou diretamente as declarações de Nelson Piquet (Foto: Aston Martin)

"O 'neguinho' meteu o carro e não deixou [Verstappen passar]. […] O 'neguinho' deixou o carro, porque não tinha como passar dois carros naquela curva. […] O 'neguinho' fez de sacanagem", disse Piquet na entrevista concedida em 3 de novembro de 2021.

O vídeo ressurgiu nas redes sociais semana passada e se tornou viral no Brasil. Mas não demorou para cair os primeiros respingos fora do país, até que chegou aos jornalistas estrangeiros e explodiu de vez.

Assim que a fala de Piquet se tornou de conhecimento público, a Fórmula 1 emitiu uma nota de repúdio, mesmo sem citar o nome do tricampeão. "Linguagem discriminatória ou racista é inaceitável de qualquer forma e não faz parte da sociedade. Lewis é um embaixador incrível do nosso esporte e merece respeito. Seus esforços incansáveis para aumentar a diversidade e a inclusão são uma lição para muitos e algo com o qual estamos comprometidos na F1", ressaltou a nota da categoria.

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A Mercedes também se manifestou oficialmente sobre a linguagem usada por Piquet. "Condenamos nos termos mais fortes qualquer uso de linguagem racista ou discriminatória de qualquer tipo. Lewis liderou os esforços do nosso esporte para combater o racismo e ele é um verdadeiro campeão da diversidade dentro e fora das pistas. Juntos, compartilhamos a visão de um automobilismo diversificado e inclusivo, e este incidente destaca a importância fundamental de continuarmos lutando por um futuro melhor", disse a equipe.

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Além de defender Hamilton, Vettel cobrou ações da F1 (Foto: Aston Martin)

A FIA também repudiou o acontecimento, dizendo por meio de nota oficial em sua conta no Twitter que "condena veementemente qualquer linguagem e comportamento racista ou discriminatório, que não tem lugar no esporte ou na sociedade em geral. Expressamos nossa solidariedade a Lewis Hamilton e apoiamos totalmente seu compromisso com a igualdade, diversidade e inclusão no esporte a motor", finalizou a entidade.

Hamilton, igualmente, não ficou calado. O heptacampeão mundial recorreu às redes sociais para responder à repercussão. Primeiramente, Hamilton postou em seu Twitter uma mensagem em português. "Vamos focar em mudar a mentalidade", escreveu o heptacampeão mundial. Pouco depois, o piloto da Mercedes voltou a tweetar em inglês e clamou por contundentes ações antirracistas.

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"É mais do que linguagem. Essas mentalidades arcaicas precisam mudar e não têm lugar no nosso esporte. Eu fui cercado por essas atitudes e fui um alvo por minha vida toda. Houve muito tempo para aprender. Chegou a hora da ação", enfatizou Hamilton.

Em um comunicado dirigido à imprensa internacional no dia seguinte à repercussão do episódio, Piquet pediu desculpa a Hamilton, mas alegou "tradução incorreta" do termo racista - utilizado mais de uma vez, vale lembrar. O ex-piloto afirmou que não teve a intenção de ofender e frisou que algumas das traduções que circulam na internet não retratam com exatidão a palavra usada por ele. O brasileiro condenou o racismo, mas alegou que a expressão "neguinho" é "amplamente e historicamente" usada no português coloquial.

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