S do Senna: a curva que Ayrton desenhou em Interlagos

Em 1989, piloto sugeriu curva em visita às obras de reforma do circuito; quis batizá-la Chico Landi, mas trecho virou ícone com sua marca.

Ayrton Senna contornando o trecho que carrega seu nome em 1993
Ayrton Senna contornando o trecho que carrega seu nome em 1993
Foto: Reprodução / Twitter

Ayrton Senna visitou as obras de Interlagos em 1989, entre as corridas daquela temporada. O autódromo era um canteiro de obras, que aconteciam para que a pista recebesse o GP do Brasil de F1 em 1990, após nove anos em Jacarepaguá. A prefeita Luiza Erundina e Piero Gancia, presidente da CBA, lideravam a reforma. A pista de 7.960 metros seria reduzida para 4.325 metros.

Senna debateu o traçado com engenheiros. No final da reta dos boxes, sugeriu ligação em S entre anel externo e miolo, em descida. A ideia resolveu um impasse: Francisco Rosa, administrador do circuito na época, queria preservar curvas 1 e 2 antigas; Bernie Ecclestone exigia eliminá-las por segurança. A proposta de Senna foi adotada na hora.  Jornalistas perguntaram se seria o S do Senna. Ele respondeu: "Poderia se chamar Curva Chico Landi".  

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Senna durante as obras em 1989
Foto: Reprodução / Twitter

Senna comentou que sua ideia era outra da executada: "Não é nada disso. Eu queria um esse de alta velocidade em que você viesse no final da reta dos boxes, em sexta marcha, fizesse o esse em quarta marcha, alguma coisa parecida com o que tem no México, usando o declive. Não era chegar aqui e parar.", conforme o livro "Ayrton, o herói revelado", de Ernesto Rodrigues.  

Ele também insistiu na homenagem: "Seria muito mais justo batizá-lo de 'S' ou Curva do Chico Landi, que abriu as fronteiras do automobilismo mundial para o Brasil e sempre teve muito amor por Interlagos, fazendo o possível para trazer a Fórmula 1 de volta para cá quando foi o administrador do autódromo." Chico Landi morreu em 1989.

Senna ajudou engenheiros com ajustes em zebras e muros. Em 1º de fevereiro de 1990, viu a curva pronta pela primeira vez, A FIA aprovou o traçado em 22 de fevereiro. Já em 25 de março de 1990, na corrida, Senna fez pole, porém tocou com Satoru e Nakajima quebrou sua asa dianteira; ele terminou em terceiro. Alain Prost venceu pela sexta vez no Brasil.  

Senna comemora seu primeiro triunfo em casa
Foto: Reprodução / Twitter

Ayrton viria a vencer no circuito que possui as curvas de sua autoria em duas oportunidades das 4 provas que disputou lá: a primeira no ano seguinte a estreia do trecho, em 1991, onde conquistou a vitória de forma heróica, superando problemas mecânicos e físicos, e a segunda em 1993, onde o brasileiro, na chuva, superou as Williams que haviam brilhando em 1992 com o FW14, o “carro de outro planeta”, e que dominaram todas as sessões daquele fim de semana com o FW15.

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 Ayrton Senna só foi derrotado em Interlagos justamente pelo Williams FW14, em 1992, quando problemas no motor Honda de sua McLaren o fizeram abandonar, e em 1994, onde pouco mais de um mês antes de seu trágico falecimento, Senna também acabou abandonando a prova, dessa vez a bordo do FW16 da Williams e a causa sendo uma rodada na subida após a curva da junção.

Ayrton Senna contornando o "S" em 1994
Foto: Reprodução / Twitter

Em 1º de maio de 1994, Ayrton Senna faleceu em Imola, mas o "S do Senna" segue como sua principal marca em Interlagos: trecho de alta velocidade em descida, projetado pelo piloto em 1989 para conciliar segurança e preservação do traçado histórico. Apesar da insistência de Senna em batizá-lo de Curva Chico Landi – em tributo ao pioneiro que trouxe a F1 de volta a São Paulo –, o nome popular prevaleceu, e assim o legado do piloto segue vivo no circuito paulista. 

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