Que a situação de Logan Sargeant ia se deteriorando era público e notório. Embora oficialmente a Williams seguisse dando apoio ao estadunidense, o clima ia ficando cada vez mais pesado. O erro no treino livre em Zandvoort, passando pela grama molhada deixando o carro em frangalhos acabou por ser a pá de cal na aventura.
Logo as apostas de quem substituiria Sargeant reforçaram e foram de Mick Schumacher, passando por Liam Lawson e até mesmo Kimi Antonelli. Só que a Williams resolveu ser diferente e escolheru alguém de "dentro de casa": o argentino Franco Colapinto, piloto de sua academia de desenvolvimento e atualmente está em 6º lugar no campeonato de F2.
Colapinto já vinha sendo observado pelo time. No ano passado, participou do teste de final de ano em Abu Dhabi e cumpriu o que faltava para poder ter a sua Superlicença solicitada: pelo menos 300km com um F1. Posteriormente, participou do TL1 do GP da Grã-Bretanha deste ano, não comprometendo.
Se analisar sua trajetória até aqui, ele não venceu nenhum campeonato. Mas sempre foi um dos ponteiros e até numa certa multiplicidade de plataformas, não ficando somente nos monopostos, mas também andando em protótipos LMP2 na ALMS e ELMS, chegando inclusive a participar das 24 Horas de Le Mans de 2021, chegando em 7º lugar na classe.
Uma de suas características é a tocada agressiva e passional. Algo que chamou a atenção do público argentino, que se mobilizou nos últimos tempos para permitir que Colapinto pudesse progredir rumo à F1. Especialmente no ano passado, houve uma grande movimentação entre órgaos oficiais (Automóvel Clube Argentino) e empresas privadas para que o orçamento para a F2 fosse fechado. Além de dar uma base para sonhar com a F1.
Um dos apoiadores é a multinacional argentina de TI Globant, que é parceira da F1. Seu CEO é louco por corridas e foi a pressão do publico argentino nas redes sociais que fez o negócio ser fechado. Outro ponto foi o apoio de Roald Goethe, pai de Oliver Goethe e empresário da área de petróleo. As ligações com a Gulf Oil, uma das apoiadoras da Williams, ajudou a fazer a ligação do time com o argentino.
Colocar Franco Colapinto para o resto da temporada é uma aposta grande. A Williams dispensou um piloto que mostrou ter até potencial nas categorias de base mas que não se encontrou na F1. Agora, traz um novo jovem com um perfil bem semelhante ao de Sargeant. Porém, sem o histórico de maus resultados. Poderia inclusive ter escolhido Antonelli ou Mick Schumacher, pilotos que seriam mais de agrado da Mercedes e garantir um desconto na fatura dos motores e outras peças. Mas James Vowles tem querido mostrar a independência da Williams e que tem uma visão firme de futuro.
Para Colapinto, serão nove provas para mostrar que merece permanecer na categoria. A Williams já tem sua dupla definida para 2025 e a unica vaga que ainda aparenta estar livre é a da Sauber/Audi. Começar em Monza será mais fácil, mas existem pistas traiçoeiras como Austin, Singapura e Interlagos. Colapinto terá que mostrar que pode ser agressivo, mas de maneira confiável e entrar no radar da categoria como uma opção viável.
Agora é torcer. Afinal de contas, a Williams fez a opção por um jovem e fugiu de escolhas até certo ponto óbvias. Além do mais, é um piloto sul-americano e mostra um caminho que os brasileiros devem considerar: a união de várias frentes para viabilizar um piloto na F1. Mas não só aqui, mas também em outras categorias de alto perfil. E não deixa de ser positivo ver um povo tão apaixonado por automobilismo como o argentino e de tanta história ter de novo um representante na principal categoria. Fangio, Gonzalez,Reutemann e tantos outros ases estão torcendo por ele.
Manda ver, Franco!