O dia 2 de novembro de 2008 é inesquecível para qualquer fã da Fórmula 1. Interlagos, com suas curvas desafiadoras e clima imprevisível, se transformou no palco de um drama que parecia roteiro de filme: Felipe Massa quase conquistou o título mundial em casa, enquanto Lewis Hamilton escrevia o início de sua lenda na última curva da corrida.
A temporada já havia sido intensa, marcada por vitórias, erros e disputas ponto a ponto. Massa chegava a São Paulo cinco pontos atrás de Hamilton. Para ser campeão, precisava vencer e torcer para que o britânico não terminasse entre os cinco primeiros. A torcida brasileira, em êxtase, lotou as arquibancadas, trazendo à memória a esperança de um novo campeão nacional após 17 anos do último título de Ayrton Senna.
A corrida: tensão, chuva e estratégia
O domingo começou com nuvens carregadas e chuva intermitente, típica de Interlagos. A pista molhada tornou cada curva uma armadilha. Na largada, Massa disparou da pole e assumiu a liderança com segurança, mostrando frieza e talento. Hamilton, consciente do que precisava, manteve uma corrida cautelosa, evitando riscos que pudessem custar seu campeonato.
À medida que as voltas avançavam, Massa dominava. Fernando Alonso e Kimi Räikkönen tentavam acompanhar, mas o brasileiro parecia intocável. Enquanto isso, Hamilton fazia malabarismos entre posições, monitorando cada movimento. A cada curva, a tensão aumentava: faltando poucas voltas, a chuva retornou, transformando o circuito em um desafio ainda maior.
Na estratégia dos boxes, a maioria dos pilotos trocou para pneus intermediários. Exceto um: Timo Glock decidiu manter os slicks, arriscando tudo. A pista ficou escorregadia, e Hamilton, que havia perdido posições, caiu para sexto — e o título parecia perdido.
O último suspiro da corrida
Quando Massa cruzou a linha de chegada, o público explodiu. A vitória em casa parecia o ápice da carreira do brasileiro. Mas enquanto ele comemorava, a última curva ainda guardava o desfecho. Hamilton, com frieza e habilidade, ultrapassou Glock nos metros finais, conquistando o quinto lugar necessário para o campeonato: por apenas um ponto de diferença, 98 a 97.
O contraste entre a vitória e o título impossível nunca foi tão dramático. Massa subiu ao pódio, ainda chorando e segurando as emoções, enquanto a torcida aplaudia de pé, orgulhosa de seu piloto. Aquele GP do Brasil marcou o nascimento de Lewis Hamilton como campeão mundial e o auge da trajetória de Felipe Massa.
Interlagos se tornou sinônimo de emoção pura, imprevisibilidade e paixão pelo automobilismo. Dezessete anos depois, a corrida continua viva na memória: a chuva fina, a torcida vibrando, Massa cruzando a linha de chegada e Hamilton selando o título no último instante. Um espetáculo que eternizou Interlagos como um dos circuitos mais dramáticos da história da Fórmula 1.
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