Ayrton Senna e sua lendária trajetória em Mônaco na F1

Ayrton Senna é o recordista de vitórias na pista mais emblemática da F1. Relembre a trajetória que lhe rendeu o apelido de “Rei de Mônaco”

25 mai 2022 - 14h13
Senna e Mônaco: a combinação perfeita
Senna e Mônaco: a combinação perfeita
Foto: McLaren / Twitter

Há alguns exemplos na longa história da Fórmula 1 de pilotos que “casam” com determinadas pistas. Por algum motivo, eles pegam a mão do traçado, descobrem as manhas e atalhos do circuito e conseguem ter vantagem sobre os concorrentes, passando a empilhar vitórias no mesmo lugar. Acontece com Lewis Hamilton em Silverstone e em Melbourne; acontecia com Michael Schumacher em Spa e em Magny-Cours; ou com Fangio em Buenos Aires.

Mônaco teve um “matrimônio” com Graham Hill, vencedor por cinco vezes do icônico GP. O britânico até recebeu a alcunha de Mr. Mônaco. Mas, findo o relacionamento entre Mônaco e Hill, a pista de rua mais nobre do mundo encontrou seu verdadeiro amor em um brasileiro: Ayrton Senna.

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Senna e Mônaco formam a mais emblemática combinação de piloto e pista que a F1 já viu. Na pista mais famosa e mais traiçoeira da categoria, Ayrton Senna escreveu uma história inesquecível, vencendo seis das 10 corridas em que participou, e gravou seu nome na história do esporte.

Às vésperas de mais um GP de Mônaco, relembre conosco todas as participações do brasileiro na icônica corrida e como essa trajetória se tornou lendária.

1984 – O cartão de visitas

Senna deu show com a Toleman em 1984
Foto: F1 / Twitter

Em seu ano de estreia e correndo pela pequena Toleman, Senna se apresentou ao mundo em Mônaco. Depois de se classificar apenas em 13º, ele contou com um temporal no domingo para mostrar seu enorme talento na chuva. Foi escalando o pelotão, superando carros como Ferrari, Williams e Lotus até chegar às poderosas McLaren-TAG.

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Senna deixou Niki Lauda para trás e alcançou o líder Alain Prost. No momento em que passou o francês, a prova foi encerrada pelo então diretor Jacky Ickx devido às más condições da pista. A vitória ficou com Prost, mas Senna foi o grande protagonista do dia, se colocando como um dos nomes fortes da categoria.

1985 – A primeira pole no Principado

De Lotus, a primeira pole em Mônaco
Foto: Ayrton Senna / Twitter

Já pela Lotus, com um carro mais competitivo, Senna dominou os treinos de Mônaco e marcou sua terceira pole em quatro corridas da temporada.

Ele se manteve em 1º na largada, segurou pressão de Michele Alboreto (Ferrari) nas voltas iniciais e conseguiu abrir alguma folga na liderança. Mas, na volta 13, o motor Renault apresentou problemas no turbo e ele precisou abandonar, acabando com a esperança de uma primeira vitória em Mônaco.

1986 – O segundo pódio

Em 1986, Senna chegou ao pódio mais uma vez
Foto: 1980s F1 / Twitter

Senna marcou o 3º tempo na classificação. Na largada, superou o Williams de Nigel Mansell e perseguiu Alain Prost, da McLaren, na primeira parte da prova. Com degradação alta dos pneus, perdeu ritmo e acabou voltando dos boxes em 3º, atrás também da outra McLaren, de Keke Rosberg.

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No fim, terminou na mesma posição em que havia largado e garantiu seu segundo pódio na pista de Mônaco.

1987 – Finalmente, a primeira vitória

A primeira vitória veio em 1987
Foto: Ayrton Senna / Twitter

Ainda na Lotus, Senna marcou o 2º tempo na classificação, entre as Williams de Nigel Mansell e Nelson Piquet. As posições de mantiveram nas primeiras voltas, até que Mansell abandonasse por problemas de motor na volta 30.

Com a liderança no colo, Senna apertou o ritmo para abrir ampla vantagem e só controlou nas voltas finais para vencer sua primeira no Principado. Piquet foi 2º, 33 segundos atrás, na única dobradinha brasileira por lá. Na celebração do pódio, Senna quebrou o protocolo e deu um banho de champanhe na Família Real de Mônaco.

1988 – O erro histórico

O GP de 1988 ficou marcado por um erro de Senna
Foto: McLaren / Twitter

Já na McLaren, Senna teve nesse fim de semana uma das atuações mais dominantes de sua carreira.  Cravou a pole position com a impressionante margem de 1s427 sobre Prost, o 2º, seu colega de equipe.

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Na corrida, abriu vantagem consistentemente a ponto de ter quase 1 minuto de vantagem sobre Prost. Ron Dennis, chefe da McLaren, preocupado que Senna pudesse estar exagerando e correndo riscos desnecessários, pediu para que ele diminuísse o ritmo. Pouco depois, na volta 65 de 78, Senna bateu sozinho na entrada do túnel e jogou fora aquela que poderia ser uma das vitórias mais marcantes de sua carreira.

Irritado, ele foi embora andando direto para seu apartamento, aparecendo nos boxes apenas mais tarde.

1989 – Em roteiro parecido, a redenção

Senna deixou Prost para trás em 1989
Foto: Ayrton Senna / Twitter

No segundo ano em que tinha Prost como companheiro, Senna, mais uma vez, dominou em Mônaco. A pole veio por grande margem novamente: 1s148.

Senna largou bem e se manteve à frente do francês. Como no ano anterior, foi abrindo vantagem e se consolidando na liderança. Prost ainda perdeu muito tempo preso no tráfego, o que deu ao brasileiro uma folga de mais de um minuto.

Na parte final da corrida, o MP5/5 de Senna perdeu a 1ª e 2ª marchas, e o brasileiro diminui o ritmo. Mesmo assim, venceu com 52s de vantagem sobre Prost. Sua segunda vitória em Mônaco.

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1990 – Vitória com tensão no final

Senna atravessa o túnel no GP de Mônaco de 1990
Foto: Ayrton Senna / Twitter

Outra pole à frente de Prost, que já estava na Ferrari à época. Na corrida, a liderança já folgada fica ainda mais confortável após uma quebra de Prost.

Tudo levava a crer que seria uma vitória sem sustos, mas o McLaren MP4/5B começou a perder potência nas voltas finais. A vantagem de 17 segundos sobre Alesi caiu para menos de 2 segundos em 5 voltas. Mesmo assim, Senna conseguiu segurar a liderança e vencer. Três vitórias em Mônaco.

1991 – Mais uma para a conta

Em 1991, mais uma vitória
Foto: McLaren / Twitter

Senna marcou sua quinta pole position em oito participações no GP de Mônaco até então. E não perdeu a liderança em momento algum. Enquanto seus perseguidores iam sucumbindo um a um (Stefano Modena e Riccardo Patrese), o brasileiro ia construindo uma vantagem confortável.

Assim como em anos anteriores, seu carro apresentou problemas na parte final da prova (pressão de combustível), forçando Senna a diminuir o ritmo para evitar uma quebra. Mesmo assim, a quarta vitória em Mônaco veio com 18 segundos de folga sobre Mansell.

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1992 – Aula de direção defensiva

Senna segura Mansell para vencer em 1992
Foto: McLaren / Twitter

Pela primeira vez desde quando havia se juntado à McLaren, Senna não largou da pole em Mônaco. A Williams, com um carro avassalador, dominou a primeira fila. Senna passou a Patrese, mas não conseguia acompanhar o ritmo de Mansell, que chegou a abrir mais de 30 segundos.

A oito voltas do fim, o inglês percebe um problema em seu carro e decide trocar os pneus, deixando a liderança com Senna. Mansell, com o carro muito mais rápido, parte para o ataque. Senna, no entanto, dá uma verdadeira aula de defesa de posição e consegue se manter à frente com pneus gastos, garantindo sua quinta vitória em Mônaco e igualando Graham Hill.

1993 – Uma pitada de sorte não faz mal a ninguém

Senna celebra a vitória recorde de 1993
Foto: McLaren / Twitter

Para vencer na Fórmula 1, não basta talento e um bom carro. Às vezes, a sorte precisa estar ao lado. Foi o que aconteceu em 1993. Assim com no ano anterior, Senna largou em 3º. Os dois primeiros eram “só” Prost (Williams) e Michael Schumacher (Benetton).

As posições se mantiveram nas primeiras voltas. Mas Prost havia queimado largada, foi punido com um stop-and-go e viu seu carro apagar durante a penalização, perdendo uma volta. Schumacher assumiu a ponta e liderava com folga até seu carro ficar pelo caminho com problemas hidráulicos.

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Senna, assim, recebeu a vitória de presente, nessa que viria a ser sua última participação no GP de Mônaco. Com o triunfo, ele chegou ao recorde de seis vitórias na icônica pista de rua, marca até hoje não igualada por nenhum outro piloto.

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