Durante a abertura do Mundial de Fórmula E em São Paulo, um dos temas mais comentados nos bastidores foi a relação entre Pascal Wehrlein e António Félix da Costa. As revelações do documentário Driver reacenderam o assunto ao expor o estopim da tensão que culminou no confronto entre os pilotos na temporada 2024/25, quando ainda eram companheiros de equipe na Porsche.
Já se sabia que a saída de da Costa da Porsche estava longe de ser amistosa. A tensão ganhou forma no ePrix de São Paulo de 2024, quando Pascal Wehrlein revelou ter ouvido um comentário de da Costa dirigido a outros pilotos durante o desfile pré-corrida. Segundo o alemão, ele chegou a confrontar o companheiro e os envolvidos, mas decidiu deixar o assunto de lado naquele momento para manter o foco na prova.
O efeito foi imediato. A convivência entre os dois campeões da equipe rapidamente se deteriorou. António Félix da Costa se sentiu preterido após o título do alemão e, já no ePrix de São Paulo, os pilotos passaram a se ignorar, criando um clima hostil dentro da garagem.
A tensão atingiu um novo ápice no TL1 do ePrix de Berlim, quando os dois se envolveram em um acidente considerado “inaceitável” pela própria Porsche. Nos minutos finais da sessão, Wehrlein acertou a traseira do carro de da Costa, lançando o português contra o muro da reta dos boxes e causando danos significativos. Da Costa afirmou ter sido avisado pelo rádio de que Wehrlein preparava uma volta rápida, mas, segundo ele, o alemão reduziu repentinamente antes de voltar a acelerar, resultando na colisão. O incidente expôs publicamente o quanto a relação entre os dois já estava fora de controle.
Apesar disso, a Porsche conseguiu administrar a crise até o fim da temporada, o suficiente para conquistar o Mundial de Equipes graças à consistência, mesmo com apenas uma vitória de Wehrlein, em Miami. Em um ano de irregularidades de rivais como Nissan e Jaguar, os resultados frequentes da dupla garantiram o título, embora os conflitos tenham ofuscado o desempenho.
Na coletiva de lançamento do documentário Driver, da Costa, agora piloto da Jaguar, destacou a alegria de reencontrar Mitch Evans, lembrando que competem lado a lado desde a GP3, em 2011. Em contraste com a convivência difícil que teve na Porsche, ele valoriza a parceria harmoniosa com o neozelandês, afirmando que sempre puderam se apoiar dentro e fora das pistas, algo que espera preservar nesta nova fase.
Em entrevista ao site RacingNews360, Félix da Costa declarou:
“Não vou mentir, poder tomar café da manhã, almoçar e jantar com meu companheiro de equipe é uma coisa legal que eu tinha esquecido.”
“Acabamos de começar, mas neste momento o ambiente é exatamente o que eu procurava”, acrescentou. “Eu sei que, com o documentário Driver e tudo mais, parece que tudo na Porsche era ruim, mas nem tudo era ruim. Tive muitos dias ótimos e grandes
sucessos lá. Me dei melhor com algumas pessoas do que com outras, mas, para ser honesto, saí em ótimos termos com todos, exceto com o Pascal.”
“Como eu disse, essa porta agora está fechada e encontrei exatamente o que procurava aqui na Jaguar, um ambiente muito agradável onde posso voltar a sorrir ao acordar, ir trabalhar, arrumar minhas malas e sair de casa. É exatamente isso que eu queria.”
Já Pascal Wehrlein foi breve ao ser questionado se o conflito mostrado no documentário afetou seu desempenho e sua relação com a equipe:
“Acho que não. O que aconteceu na equipe e a relação mostrada era a verdade, era daquele jeito. Mas, no final, fomos profissionais, como mostraram os resultados, e conquistamos os dois campeonatos.”