Programa de diversidade da Gerdau já tem adesão de mais de 200 fornecedores da empresa

A empresa admite que o caminho é ladeira acima: siderúrgica tem como meta de longo prazo chegar aos 12 mil fornecedores da companhia; no futuro, contratos podem ser decididos por metas de inclusão

16 mai 2022 - 05h10

Com um plano de ampliar a presença de minorias dentro e fora da companhia, a siderúrgica Gerdau chegou a 203 fornecedores que aderiram ao seu programa de incentivo à diversidade. Chamado de Inspire Gerdau e criado há um ano e meio, o projeto quer alcançar todo o ecossistema do conservador setor do aço para demonstrar - e cobrar - a importância da inclusão de negros, mulheres e LGBTQIA+.

Apesar de ser um universo pequeno perto dos 12 mil fornecedores que a Gerdau possui, a companhia enxerga o número como um promissor. Esse otimismo também é explicado nos dados vistos em sua pesquisa anual feita com os seus fornecedores. De acordo com o levantamento, houve um avanço de 38% para 45% no quadro de profissionais negros dessas companhias. Para completar, o número de negros na liderança saiu de 23% para 26% no mesmo período.

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Segundo Gustavo Werneck, presidente da Gerdau, é que a adoção de políticas de inclusão funcione, no futuro, como uma nota de corte na hora da contratação de um fornecedor. "O modo como o fornecedor lida com o tema pode vir a ser um fator decisório no momento de definição e continuidade de parcerias", diz Werneck. No entanto, de acordo com o executivo, ainda não existe um prazo para que isso aconteça.

Para Carla Fabiana Daniel, líder global de diversidade e inclusão da Gerdau, mais do que ameaçar com perdas de contratos, o papel da Gerdau deve ser o de ampliar a discussão e o acesso à educação das empresas parceiras. Segundo a executiva, diversas empresas já estão procurando a Gerdau de maneira direta para entender melhor o programa - que, além da consultoria da siderúrgica, também oferece uma série de conteúdos para explicar o tema para funcionários, além de ajudar na criação de metas internas.

Uma das empresas que foram atrás para entender melhor e decidiram aderir foi a CTG Brasil, forncedora de energia da Gerdau. De origem chinesa, a empresa começou o programa sem nenhuma política de inclusão desenhada e sem dados para entender sua atual demografia. "Antes não perguntávamos orientação sexual e nem religião, mas agora estão criando um censo para também termos uma diversidade maior em todos os sentidos", diz Salete da Hora, diretora de marca, comunicação e sustentabilidade na CTG Brasil.

Quando tiver os dados nas mãos, a companhia estabelecerá as metas, diz a responsável. Por ora, contudo, algumas melhorias estão aparecendo: a empresa contratou 40% mais negros em comparação a outros períodos.

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Melhorias internas

Mesmo incentivando o aumento da diversidade em outras companhias, os principais executivos da Gerdau têm como missão aumentar o número de negros e mulheres na liderança. Se não fizerem isso, a cobrança virá no próprio bolso: 20% da remuneração de longo prazo da companhia para a alta liderança está atrelada a metas de sustentabilidade e diversidade.

Uma delas é alcançar a meta de 30% dos cargos de liderança serem de mulheres nos próximos três anos, que foi assumida em 2020. Outra, mais recente, é de ter o mesmo porcentual de negros como chefes - essa, no entanto, ainda não faz parte do plano de remuneração da companhia. "Como é uma meta recente, ainda não foi colocada no plano, mas em breve estará", afirma Carla Daniel, da Gerdau.

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