Os smartphones podem substituir as maquininhas de cartão?

O setor de meios de pagamentos vem passando por grandes transformações. Entenda.

16 mai 2022 - 02h00
(atualizado em 20/5/2022 às 12h29)
Foto: Divulgação

Ao longo dos últimos anos, vemos que o smartphone vem incorporando cada vez mais funções e assumindo o papel de diversos equipamentos. Um grande exemplo é como ele praticamente substituiu diversos segmentos da indústria, como foi o caso da câmera digital, o aparelho de GPS, o tocador de MP3, a calculadora, entre outros. Ou seja, o smartphone poderia ser considerado um verdadeiro “canivete suíço” da tecnologia na atualidade, e seguindo nesta direção, hoje ele avança no setor de meios de pagamento também.

Recentemente, a Apple anunciou o lançamento da funcionalidade que permite que o iPhone seja capaz de receber pagamentos por aproximação através da tecnologia NFC, o que o transforma em um “terminal de pagamento” para o lojista. E por aqui, a Gertec também acaba de lançar sua solução Tap2Pay, que possibilitará que qualquer smartphone Android com tecnologia NFC se transforme também em um terminal de pagamento.

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Realmente trata-se de uma grande evolução para a indústria de meios de pagamento, e este assunto tem despertado muitas discussões no mercado sobre o futuro das chamadas “maquininhas de cartão”.

A realidade é que o setor de meios de pagamentos vem passando por grandes transformações, e o resultado é uma mudança cada vez mais significativa na forma como o dinheiro circula e é transacionado. O volume de dinheiro “em espécie” circulando na economia vem sendo reduzido de forma bastante significativa nos últimos tempos. 

Segundo dados do BC, somente entre os meses de janeiro a outubro de 2021, a redução foi de R$ 40 bilhões, e grande parte desta mudança tem sido impulsionada pelo avanço da tecnologia, maior competição no setor e também pelo amadurecimento do mercado, que tem hoje maior oferta e acesso a produtos e serviços financeiros digitais, incluindo as novas formas de pagamento como o Pix e as carteiras digitais, por exemplo.

Neste cenário, podemos ver que os pagamentos digitais crescem a todo vapor no Brasil e tanto o Pix, quanto o uso do cartão de crédito continuam batendo recordes de crescimento sucessivos. Segundo dados da Abecs (Associação Brasileira das Empresas de Cartões de Crédito e Serviços), o setor de cartões cresceu 33,1% em 2021, alcançando um volume transacionado de R$ 2,65 trilhões, o que representa um novo patamar recorde para este mercado. A realidade é que o cartão de crédito se consolidou como uma das principais linhas de crédito para a população na atualidade. Já o Pix também segue com sucessivos recordes de crescimento, e hoje já é uma das principais modalidades de pagamento utilizadas pela população de uma forma geral.

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Outro dado importante sobre a evolução do mercado de meios de pagamento, é o crescimento das transações por aproximação (NFC). Esta modalidade de pagamento vem apresentando um forte crescimento nos últimos tempos, impulsionado principalmente pela evolução tecnológica (maior quantidade de cartões NFC e de terminais de aceitação), mas também pelas mudanças relacionadas aos hábitos de consumo ocorridos durante a pandemia. 

Também de acordo com a Abecs, o volume de transações por aproximação cresceu 384% em 2021, o que significa que uma em cada quatro transações presenciais ocorrem por meio da aproximação, e a estimativa é que alcance metade ainda em 2022, ou seja, o mercado de transações por aproximação (NFC) está em forte crescimento no Brasil.

Diante de tantas transformações e novidades, é possível imaginar que o “fim das maquininhas” esteja próximo, mas em minha opinião, a realidade é que o mercado de meios de pagamento, vem evoluindo ao longo dos últimos anos em uma direção que indica um formato muito mais de inclusão e complementaridade das tecnologias e formas de pagamento do que de substituição ou de obsolescência das tecnologias atuais. 

Ou seja, caminhamos para um mundo de pagamentos com muito mais ofertas de produtos e soluções que ajudem o lojista a entregar uma melhor experiência de uso e de atendimento ao consumidor. É provável que teremos muitas opções disponíveis, e tanto o consumidor, quanto o lojista poderão escolher o que fizer “mais sentido” para o seu uso, conforme os benefícios e vantagens de cada um.

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O próprio mercado de “maquininhas” como conhecemos também vem evoluindo e se transformando. Se olharmos por exemplo os terminais de pagamento Android, conhecidos como SmartPOS atuais, vemos que se assemelham muito mais a um PDV (terminal de caixa) para o lojista por sua capacidade de processamento e de recursos, do que dos tradicionais terminais POS (maquininhas de cartão) que fazem apenas o pagamento. 

Sendo assim, é possível supor que todos aqueles equipamentos que o lojista possui atualmente no terminal de caixa (PDV), que na maioria das vezes inclui: computador, impressora, pinpad, leitores e outros periféricos, poderiam ser substituídos por um SmartPOS integrado com a automação comercial. Isto possibilitaria menor custo, mobilidade e melhor aproveitamento do espaço físico para o lojista, ou ainda, poderia funcionar em conjunto com o terminal de caixa (PDV) tradicional, expandindo a capacidade e qualidade de atendimento do estabelecimento comercial.

Como já falamos, a tecnologia vem sendo o grande agente de transformação do mundo em que vivemos, e este movimento vem ganhando cada vez mais velocidade a cada dia. Talvez se olharmos de uma forma mais ampla, podemos nos questionar sobre até mesmo a existência do próprio smartphone como conhecemos nos próximos anos. 

Será que ele também irá se transformar? Ou deixará de existir? Veremos os próximos capítulos. Mas o ponto chave é: cada vez mais o advento de novas tecnologias dará outros sentidos para tudo que já conhecemos. Estejamos preparados para o futuro que começa logo.

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(*) Wilton Brito é executivo do Grupo Gertec.

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